quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

560 - O casamento entre o céu e a terra: contos dos povos indígenas do Brasil. Leonardo Boff.

 


Sinopse de O casamento entre o céu e a terra:

Uma viagem pelas histórias originárias das cores dos peixes e das vozes dos pássaros, da mandioca, do guaraná, das estrelas e do amor.

Em O casamento entre o Céu e a Terra, o professor, teólogo, filósofo, escritor e grande defensor dos Direitos Humanos Leonardo Boff reúne histórias, relatos e mitos originários dos indígenas do Brasil. Recolhidas ao longo dos anos e vindas de diversas etnias, essas narrativas são prova da inestimável contribuição desses povos a nossa cultura, nossa língua, nossos costumes e nossa forma de compreender a natureza. Cada uma delas é capaz de nos conectar à sabedoria ancestral desses povos e somá-la, enfim, a nossa sabedoria contemporânea.

 

“O livro que agora está em suas mãos, caro leitor, cara leitora, é um importante instrumento para apresentar-lhe a visão indígena de interagir com a natureza. [...] Leonardo Boff, usando seu jeito amoroso, vai nos conduzindo pelas narrativas apresentadas para nos proporcionar um olhar crítico, mas também repleto de magia, que ainda alimenta a vida de nossos povos originários.” – Daniel Munduruku

 

“Revisitemos a sabedoria indígena e sonhemos, por um momento, os mesmos sonhos que eles sonharam. Vamos rir, chorar e aprender. Aprender especialmente como casar Céu e Terra, vale dizer, como combinar o cotidiano com o surpreendente, a imanência opaca dos dias com a transcendência radiosa do espírito, a vida na plena liberdade com a morte como um unir-se com os ancestrais, a felicidade discreta nesse neste mundo com a grande promessa na eternidade. E, no termo, teremos descoberto mil razões para viver mais e melhor, todos juntos, como uma grande família, na mesma Aldeia Comum, generosa e bela, o planeta Terra.” – Leonardo Boff

 

Editorial: Editorial Planeta

Tema: Fantasia

Coleção: Fuera de Colección

Número de páginas: 240

 

  Leonardo Boff nasceu em Concórdia, Santa Catarina, aos 14 de dezembro de 1938.

Cursou Filosofia em Curitiba-PR e Teologia em Petrópolis-RJ. Doutorou-se em Teologia e Filosofia na Universidade de Munique-Alemanha, em 1970. Ingressou na Ordem dos Frades Menores, franciscanos, em 1959. Durante 22 anos, foi professor de Teologia Sistemática e Ecumênica em Petrópolis, no Instituto Teológico Franciscano, além de professor de Teologia e Espiritualidade em vários centros de estudo e universidades no Brasil e no exterior. É doutor honoris causa em Política pela universidade de Turim (Itália) e em Teologia pela universidade de Lund (Suécia), tendo ainda sido agraciado com vários prêmios no Brasil e no exterior, por causa de sua luta em favor dos fracos, dos oprimidos e marginalizados e dos Direitos Humanos.

Em 1984, em razão de suas teses ligadas à Teologia da Libertação, foi submetido a um processo pela Sagrada Congregação para a Defesa das Fé, ex-Santo Ofício, no Vaticano, pelo qual foi punido. Em 1992, sendo de novo ameaçado com uma segunda punição pelas autoridades de Roma, renunciou às suas atividades de padre e se autopromoveu ao estado leigo.

Atualmente vive em Petrópolis-RJ e compartilha vida e sonhos com a educadora e lutadora pelos Direitos, a partir de um novo paradigma ecológico, Marcia Maria Monteiro de Miranda. Tornou-se assim “pai por afinidade” de uma filha e cinco filhos, compartilhando as alegrias e dores da maternidade/paternidade responsável. Vive, acompanha e re-cria o desabrochar da vida nos netos Marina , Eduardo, Maira, Luca e Yuri.

É autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística. A maioria de sua obra está traduzida nos principais idiomas modernos.


segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

559 - Ratzinger esvaziou a igreja progressista.

 

No Brasil, cardeal silenciou Evaristo Arns, Hélder Câmara e Pedro Casaldáliga

 Frederico Vasconcelos

 

1º.jan.2023 às 13h01

Atualizado: 1º.jan.2023 às 13h34

FSP

 SÃO PAULO

 

O então cardeal Joseph Ratzinger, o Papa Emérito Bento 16 que morreu neste sábado (31), teve papel influente na desarticulação da igreja progressista no Brasil durante o pontificado de Karol Józef Wojtyła, o Papa João Paulo 2º.

O esvaziamento se deu por meio da divisão de arquidioceses e censura.

Foi imposto o “silêncio obsequioso”, a proibição de falar em público e de publicar suas ideias.

Era o “sofrimento silencioso”, no dizer do padre historiador José Oscar Beozzo.

A arquidiocese de São Paulo foi fatiada, para esvaziar a liderança de dom Paulo Evaristo Arns.

Na divisão da arquidiocese de São Paulo, dom Paulo não foi consultado sobre os novos subordinados. Bispos escreveram ao Papa, dizendo-se "estarrecidos", considerando a decisão "desaforada, desrespeitosa e humilhante", "preconcebida, injusta e prematura".

O trabalho de dom Hélder Câmara foi desmantelado. Foram fechados o Instituto Teológico do Recife (Iter) e o Seminário Regional do Nordeste. A Comissão de Justiça e Paz foi dissolvida.

Dom Pedro Casaldáliga, bispo de São Félix do Araguaia (MT), também foi punido com o "silêncio obsequioso", entre outros motivos, por haver celebrado missas "à causa negra e à causa indígena".

"Penas canônicas", destinadas a silenciar figuras expressivas da Teologia da Libertação, foram aplicadas aos irmãos Leonardo Boff e Clodovis Boff.

Muitos ex-padres foram proibidos de dar aula de teologia. Os bispos que não se submetiam à linha dura do Vaticano foram substituídos por outros, contrários ao espírito da Conferência de Medellín (1968) -em que bispos latino-americanos declararam a "opção preferencial pelos pobres".

 

LINHA DURA NA CÚRIA

Em abril de 2005, conversei, por telefone, com dom Paulo Evaristo Arns e dom Pedro Casaldáliga e com ex-assessores de dom Hélder [que entrevistei no final dos anos 1960].

Pedi a dom Paulo para comentar como "enfrentou a linha dura do regime militar e a linha dura da Cúria Romana".

Ele respondeu:

"Entre os militares, a linha dura era, de fato, uma linha dura no sentido total, enquanto entre os cardeais a linha dura nunca é no sentido total, porque eles ouvem muito a parte dos fiéis que reclamam quando há uma linha dura demais."

Dom Hélder sofreu em silêncio, revelou o beneditino Marcelo Barros, seu secretário para assuntos de ecumenismo entre 1967 e 1976.

"Ele já estava em idade avançada e sua reação foi adoecer", disse Barros. "As veias de suas pernas estouraram", afirmou.

"Por formação, quando se tratava de questões da igreja, ele não protestava. Ele tinha consciência de que, se reagisse contra as ordens de Roma, iriam sofrer as pessoas ainda ligadas a ele".

O espanhol Casaldáliga sofria do mal de Parkinson, doença que afligiu João Paulo 2º. Hipertenso, tinha sobrevivido a várias operações e a 18 ataques de malária.

Disse que era um "cavalo velho, um pouco cansado"... Mas mantinha o bom humor e a crítica vigorosa.

"No pontificado de João Paulo 2º, a Cúria foi dura. Às vezes, com todo o respeito, acho que foi até injusta com os teólogos da libertação", disse.

Ele contou que, na década de 1980, fez uma visita a João Paulo 2º, no Vaticano, depois de ter escrito ao papa uma carta longa.

"Ele teve um gesto. Num momento determinado, ele abriu os braços, como quem quer mostrar o desarme, e falou, em português: "'É para que veja que não sou nenhuma fera'".

Guardei duas lembranças da conversa com dom Paulo.

1. Ele sempre pedia a opinião do jornalista antes de responder às perguntas, concordando ou não com o interlocutor.

2. Ratzinger era forte nome para suceder a João Paulo 2º. Perguntei sobre a hipótese de eleição de um papa latino-americano. Dom Paulo respondeu:

"[A hipótese] é muito pequena, porque nós estamos à margem do mundo, por enquanto. A história do mundo se desenvolve na Europa, na Ásia e na América do Norte. É difícil, então, sair um papa daqui."

E completou: "Pode ser que aconteça, porque o Espírito Santo nunca perguntou para nós... Ele age como quer".

Dom Paulo, quem sabe, anteviu a eleição do Papa Francisco.





558 - Morre Joseph Ratzinger (1927), Papa Emérito Bento XVI.

 Morreu sábado, dia 31 de Dezembro de 2022.

Joseph Aloisius Ratzinger (1927), Papa Emérito Bento XVI, foi papa e bispo de Roma de 19 de abril de 2005 a 28 de fevereiro de 2013, quando oficializou sua abdicação.
Em 1943, com dezesseis anos, foi incorporado, pelo alistamento obrigatório, no Exército Alemão, numa divisão da Wehrmacht encarregada da bateria de defesa antiaérea da fábrica da BMW nos arredores de Munique. Foi dispensado em 1944, dias depois foi enviado a um campo de trabalho em Burgenland, na fronteira da Áustria com a Hungria e a Checoslováquia para realizar trabalhos forçados, daí sendo enviado ao quartel de infantaria em Traustein, de onde desertou pouco tempo depois.
Com a rendição alemã em 8 de maio de 1945, Ratzinger ficou preso no campo de concentração de prisioneiros das forças aliadas em Bad Aibling, com mais de quarenta mil prisioneiros. Foi libertado em 19 de junho, aos dezoito anos.
Com o irmão, Georg Ratzinger, Joseph entrou para um seminário católico. Em 1951, foram ambos ordenados sacerdotes.
A partir de 1952 iniciou a sua atividade de professor na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Frisinga lecionando teologia dogmática e fundamental. Em 1953, obteve o doutoramento em teologia com a tese “Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho”. Sob a orientação do professor de teologia fundamental Gottlieb Söhngen, obteve a habilitação para a docência apresentando para isto dissertação com título de “A teologia da história em São Boaventura”.
Lecionou em Bonn (1959 - 1963); em Münster (1963 - 1966) e em Tubinga (1966 - 1969) onde foi colega de Hans Küng e confirmou uma certa visão tradicionalista como oposição às tendências marxistas dos movimentos estudantis dos anos 1960. A partir de 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, onde chegou a ser Vice-Reitor.
No Segundo Concílio do Vaticano (1962 – 1965), Ratzinger assistiu como  especialista em teologia do Cardeal Joseph Frings de Colónia.
Fundou em 1972, junto com os teólogos Hans Urs von Balthasar (1905-1988) e Henri De Lubac (1896-1992), a revista Communio, para dar uma resposta positiva à crise teológica e cultural que despontou após o Segundo Concílio do Vaticano.



Jesus de Nazaré - A Infância

Não temais! Eis que eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: Nasceu-vos hoje um salvador, que é Cristo Senhor, na cidade de Davi. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em faixas deitado numa manjedoura. — LUCAS 2, 10-12 Finalmente posso entregar nas mãos do leitor o pequeno livro, há muito prometido, sobre as narrativas da infância de Jesus. Não se trata de um terceiro volume, mas de uma espécie de pequena “antecâmara” dos dois volumes anteriores sobre a figura e a mensagem de Jesus de Nazaré. Nele procurei interpretar, em diálogo com exegetas do passado e do presente, aquilo que Mateus e Lucas narram sobre a infância de Jesus, no início dos seus Evangelhos. É minha convicção que uma interpretação correta requer dois passos. Por um lado, é preciso interrogar-se sobre o que pretendiam dizer com os seus textos os respectivos autores, na sua época histórica: é a componente histórica da exegese. […] A segunda pergunta que o exegeta autêntico deve fazer-se é: o que foi dito é verdade? Tem a ver comigo? Se for assim, de que modo me diz respeito? No caso de um texto como o da Bíblia, cujo autor último e mais profundo– segundo a nossa fé – é o próprio Deus, a questão da relação do passado com o presente faz parte, inevitavelmente, da própria interpretação. […] Preocupei-me em dialogar, nesse sentido, com os textos. Entretanto, estou bem ciente de que esse diálogo, na ligação entre passado, presente e futuro, não poderá jamais dar-se por completo e de que toda interpretação fica aquém da grandeza do texto bíblico. Espero que este pequeno livro, apesar dos seus limites, possa ajudar muitas pessoas no seu caminho para Jesus e com Jesus. — Bento XVI
 Resenha da editora



Jesus de Nazaré - do Batismo No Jordão À Transfiguração 

Quis tentar representar o Jesus dos Evangelhos como o Jesus real, como o ‘Jesus heróico’ no sentido autêntico. Estou convencido, e espero que o leitor possa ver, que esta figura é mais lógica e historicamente considerada mais compreensível do que as reconstruções com as quais fomos confrontados nas últimas décadas. Penso que precisamente este Jesus o dos Evangelhos é uma figura racional e manifestamente histórica. Só quando se deu algo de extraordinário, quando a figura e as palavras de Jesus radicalmente ultrapassaram a média de todas as esperanças e expectativas, é que se esclarece a sua crucificação e também a sua ação. Cerca de vinte anos depois da morte de Jesus, já encontramos no grande hino cristológico da Carta aos Filipenses (Fl 2,6-11) uma cristologia plenamente desenvolvida, na qual se proclama que Jesus era igual a Deus, mas que se desfez de si mesmo, se fez homem, se humilhou até a morte na cruz, e que agora Lhe é devida a veneração cósmica, a adoração que Deus anunciou no profeta Isaías (Is 45,23) como devida apenas a Ele. A pesquisa crítica faz a si mesma, com razão, esta pergunta: o que é que aconteceu nestes vinte anos desde a crucificação de Jesus? A ação de representações de comunidades anônimas, cujos portadores procura descobrir-se, não esclarece nada na realidade. Como é que grandezas coletivas desconhecidas podiam ser criativas? Convencer e, assim, se impor? Não é então, mesmo historicamente, muito mais lógico que o grandioso se encontre no princípio e que a figura de Jesus na realidade acabe com todas as categorias disponíveis e que apenas a partir do mistério de Deus se deixe entender?
 Resenha da editora



Jesus de Nazaré - da Entrada Em Jerusalém Até A Ressureição

No gesto das mãos abençoadoras exprime? Se a relação duradoura de Jesus com os seus discípulos, com o mundo. Enquanto parte, Ele vem levantar-nos acima de nós mesmos e abrir o mundo a Deus. Por isso os discípulos puderam transbordar de alegria quando voltaram de Betânia para casa. Na fé, sabemos que Jesus, abençoando, tem as suas mãos estendidas sobre nós. Tal é a razão permanente da alegria cristã.
 Resenha da editora


Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.