sexta-feira, 26 de outubro de 2012

42 - Teologia Dialética


TEOLOGIA DIALÉTICA


por

David Rubens




NEO-ORTODOXIA

O termo neo-ortodoxia significa uma “nova ortodoxia”. A neo-ortodoxia não é um sistema único; não é um movimento unificado; não tem um conjunto articulado de fundamentos em comum. Na melhor das hipóteses, pode ser descrito como uma abordagem ou atitude que começou num ambiente comum, porém dentro em breve passou a se expressar de vários modos.

Começou com a crise associada à desilusão que seguiu a Primeira Guerra Mundial, com uma rejeição do escolasticismo protestante, e com uma negação do movimento liberal protestante que tinha ressaltado a acomodação do cristianismo à ciência e à cultura ocidentais, a imanência de Deus e a melhoria progressiva da humanidade.

A primeira reação eficaz contra o liberalismo teológico foi promovida por Karl Barth, que retomando Kiekegaard, denunciou vigorosamente todas as tentativas de amordaçar Palavra de Deus com a razão. Este movimento também foi chamado de “Teologia da crise”, ou ainda “Teologia dialética”, além de “Neo-ortodoxia”.

A nova abordagem metodológica do movimento envolvia o uso do pensamento dialético que remonta ao mundo grego e a Sócrates, pelo uso de perguntas e respostas para derivar o discernimento e a verdade. Foi usado por Abelardo em Sic et Non, e é técnica de colocar os opostos, um contra o outro, na procura da verdade. Para os neo-ortodoxos, os paradoxos da fé devem permanecer exatamente assim, e o método dialético que procura descobrir a verdade no opostos dos paradoxos leva a uma fé verdadeira e dinâmica.


O conceito teológico fundamental do movimento foi aquele do Deus soberano e completamente livre, que é totalmente outro em relação a Sua criação, quanto à forma como ela é controlada, redimida, e como Ele determina revelar-Se a ela. Também que a auto-revelação de Deus, um ato dinâmico da graça, ao qual resposta da humanidade deve ser escutar. Essa revelação é a Palavra de Deus num sentido tríplice. Jesus, como a Palavra que Se fez carne; as Escrituras, que apontam para a Palavra que Se fez carne e o Sermão, que é o veículo para proclamação do Verbo que se fez carne.

A relevância desse movimento foi tirar a Bíblia das mãos dos críticos liberais que procuraram só pela crítica-histórica explicá-las, como também enfatizou a unidade das Escrituras e ajudou a precipitar um novo interesse pela hermenêutica.


PRINCIPAIS NOMES DA TEOLOGIA DIALÉTICA


1)      Karl Barth (1886-1968).

Karl Barth foi uns dos mais destacados teólogos protestantes que já existiu, ele celebrizou-se como criador da teologia dialética do século XX, que ressalta o sentido existencial do cristianismo e o reintegra em sua base bíblica, de doutrina da revelação e da fé. Fez estudo universitários em Berna, Berlim e Tübingen, terminando-os em Marburg.


2)      Friedrich Gogarten (1887 - 1967).

Foi um teólogo alemão ligado a teologia dialética. Pastor luterano numa paróquia em Stenzeldorf, Gogarten passou a ser livre-docente na Universidade de Jena a partir de 1925. Já em 1935, transferiu-se para a Universidade de Göttingen, onde permaneceu até se aposentar.

Para efeitos de análise, pode-se classificar a sua produção acadêmica em duas fases: o primeiro Gogarten (1914-1937), com textos ligados à fase dialética, e o segundo Gogarten (1948-1967), que desenvolve a temática da secularização. O período de silêncio entre as fases (1937-1948) deveu-se a uma enfermidade, “mas também a uma profunda crise existencial decorrente de sua adesão, se bem que passageira, ao nacional-socialismo”.


3)      Emil Brunner (1889-1966).

O teólogo neo-orthodoxo Emil Brunner foi ordenado pela igreja reformada da Suíça e foi professor de Teologia Sistemática na Universidade de Zurique, onde sempre ensinou, exceto por longas turnês de palestras nos Estados Unidos e na Ásia. Ele, junto com Karl Barth, buscou reafirmar os temas centrais da reforma protestante contra o clima predominante de teologia liberal. Apesar de, assim como Barth, tenha sido arrastado por um socialismo religioso na juventude, começou a considerar essa postura como “uma bela ilusão” diante dos horrores da Primeira Guerra Mundial.


4)      Rudolf Bultmann (1884-1976).

Bultmann foi um teólogo alemão. Em 1912, começou a trabalhar como docente na área de Bíblia - Novo Testamento em Marburg; em 1916, tornou-se professor em Breslau; em 1920 foi para Giessen e, em 1921, transferiu-se para Marburg, onde viveu e trabalhou até o final de sua vida.

Ocupou-se com muitos temas da teologia, filologia e arqueologia. Levantou questões importantes que dominaram a discussão teológica do século passado e são relevantes até hoje, como, por exemplo, o problema da demitologização.


5)      Paul Johannes Oskar Tillich (1886-1965). Foi um teólogo alemão e filósofo cristão.

Paul Tillich estudou sucessivamente a filosofia e a teologia em Berlin, Tübingen e Halle, sendo contemporâneo de Karl Barth e Rudolf Bultmann.

Ordenado pastor em 1912, participou da Primeira Guerra Mundial como capelão de guerra. Até 1933, lecionou em Berlin, Marburg, Dresden, Leipzig e Frankfurt, onde sucedeu a Max Scheler em 1929. Tendo perdido sua cátedra por causa de suas posições anti-nazistas, Tillich emigrou para os Estados Unidos em 1933, a convite dos amigos Reinhold e Richard Niebuhr. De 1933 a 1955, foi professor de Teologia Filosófica no Union Theological Seminary e na Columbia University (New York). Depois, lecionou nas universidades de Harvard e de Chicago.


6)      Wolfhart Pannenberg (1928-) Teólogo Alemão.

A parte central da carreira teólogica de Pannenberg foi sua defesa da teologia como uma rigorosa disciplina acadêmica, uma capacidade de interação com a filosofia crítica, a história e as ciências naturais.

Pannenberg é talvez mais conhecido pelo seu livro: Jesus: Deus e Homem, no qual ele constrói uma Cristologia “por baixo”, ou seja, a sua dogmática decorre de uma análise crítica da vida de Jesus de Nazaré. Ele, correspondentemente, rejeita a formulação tradicional da cristologia das “duas naturezas” pontualizada no Concílio de Calcedónia, preferindo ver a pessoa de Cristo à luz da vida de Jesus e de modo particular da sua ressurreição. Este foco sobre a ressurreição de Cristo como a chave da identidade levou Pannenberg a defender a sua historicidade.


7)      Jürgen Moltmann (1926-).

Professor emérito de teologia sistemática na Universidade de Tübingen, na Alemanha, é um dos mais amplamente lido teólogos da segunda metade do século XX.

Após seis meses na guerra, foi feito prisioneiro no campo de concentração de Northon-Camp, na Inglaterra. Ali se encontravam também alguns professores de teologia que ministravam lições aos seus companheiros; dentre eles, Jürgen Moltmann.

Ele recebeu seu doutorado na Universidade de Göttingen, sob a direção de Otto Weber em 1952.


Conclusão

De uma forma geral, a teologia dialética apresenta duas características básicas. Em primeiro lugar, afirma-se que a própria revelação tem estrutura dialética, “na medida em que mantém unidos elementos que se excluem reciprocamente: Deus e homem, eternidade e tempo, revelação e história”. Segundo, os próprios enunciados teológicos devem seguir esta metodologia dialética, exprimindo tanto a posição quanto a negação. O grande exemplo desta metodologia continua sendo o primeiro livro de Karl Barth, intitulado A Carta aos Romanos.


Bibliografia

BARTH, Karl. Introdução à Teologia Evangélica, São Leopoldo, Sinodal, 1996.

BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado, São Leopoldo, Sinodal, 1989.

COSTA, Hermisten Maia Pereira da. Raízes da Teologia Contemporânea, São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2004.

HIGUET, Etienne. Teologia e Modernidade, São Paulo, Fonte Editorial, 2005.

PANNENBERG, Wolfhart. Fé e Realidade, São Paulo, Fonte Editorial, 2004.

TILLICH, Paul. A Era Protestante, São Bernardo do Campo, Ciências da Religião, 1992. ____________. História do Pensamento Cristão, São Paulo, ASTE, 2000.

 ____________. Perspectivas da Teologia Protestante nos séculos XIX e XX, São Paulo, ASTE, 1999.


Prof. David Rubens de Souza

Pindamonhangaba-SP

20 de fevereiro de 2012

Estilo de Normalizar Citação De Acordo com as Normas da ABNT para Trabalhos Acadêmicos.
RUBENS, David. Teologia Dialética. http://biblicoteologico.blogspot.com.br/. Acesso em: _____________.



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Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.