TEOLOGIA DIALÉTICA
por
David Rubens
NEO-ORTODOXIA
O
termo neo-ortodoxia significa uma “nova ortodoxia”. A neo-ortodoxia não é um
sistema único; não é um movimento unificado; não tem um conjunto articulado de
fundamentos em comum. Na melhor das hipóteses, pode ser descrito como uma
abordagem ou atitude que começou num ambiente comum, porém dentro em breve
passou a se expressar de vários modos.
Começou
com a crise associada à desilusão que seguiu a Primeira Guerra Mundial, com uma
rejeição do escolasticismo protestante, e com uma negação do movimento liberal
protestante que tinha ressaltado a acomodação do cristianismo à ciência e à
cultura ocidentais, a imanência de Deus e a melhoria progressiva da humanidade.
A
primeira reação eficaz contra o liberalismo teológico foi promovida por Karl
Barth, que retomando Kiekegaard, denunciou vigorosamente todas as tentativas de
amordaçar Palavra de Deus com a razão. Este movimento também foi chamado de
“Teologia da crise”, ou ainda “Teologia dialética”, além de “Neo-ortodoxia”.
A
nova abordagem metodológica do movimento envolvia o uso do pensamento dialético
que remonta ao mundo grego e a Sócrates, pelo uso de perguntas e respostas para
derivar o discernimento e a verdade. Foi usado por Abelardo em Sic et Non, e é técnica de
colocar os opostos, um contra o outro, na procura da verdade. Para os
neo-ortodoxos, os paradoxos da fé devem permanecer exatamente assim, e o método
dialético que procura descobrir a verdade no opostos dos paradoxos leva a uma fé
verdadeira e dinâmica.
O
conceito teológico fundamental do movimento foi aquele do Deus soberano e
completamente livre, que é totalmente outro em relação a Sua criação, quanto à
forma como ela é controlada, redimida, e como Ele determina revelar-Se a ela.
Também que a auto-revelação de Deus, um ato dinâmico da graça, ao qual resposta
da humanidade deve ser escutar. Essa revelação é a Palavra de Deus num sentido
tríplice. Jesus, como a Palavra que Se fez carne; as Escrituras, que apontam
para a Palavra que Se fez carne e o Sermão, que é o veículo para proclamação do
Verbo que se fez carne.
A
relevância desse movimento foi tirar a Bíblia das mãos dos críticos liberais
que procuraram só pela crítica-histórica explicá-las, como também enfatizou a
unidade das Escrituras e ajudou a precipitar um novo interesse pela
hermenêutica.
PRINCIPAIS
NOMES DA TEOLOGIA DIALÉTICA
1) Karl Barth (1886-1968).
Karl Barth foi uns dos mais destacados
teólogos protestantes que já existiu, ele celebrizou-se como criador da
teologia dialética do século XX, que ressalta o sentido existencial do
cristianismo e o reintegra em sua base bíblica, de doutrina da revelação e da
fé. Fez estudo universitários em Berna, Berlim e Tübingen, terminando-os em
Marburg.
2) Friedrich Gogarten (1887 - 1967).
Foi um teólogo alemão ligado a teologia
dialética. Pastor luterano numa paróquia em Stenzeldorf, Gogarten passou a ser
livre-docente na Universidade de Jena a partir de 1925. Já em 1935,
transferiu-se para a Universidade de Göttingen, onde permaneceu até se
aposentar.
Para efeitos de análise, pode-se classificar
a sua produção acadêmica em duas fases: o primeiro Gogarten (1914-1937), com textos
ligados à fase dialética, e o segundo Gogarten (1948-1967), que desenvolve a
temática da secularização. O período de silêncio entre as fases (1937-1948)
deveu-se a uma enfermidade, “mas
também a uma profunda crise existencial decorrente de sua adesão, se bem que
passageira, ao nacional-socialismo”.
3) Emil Brunner (1889-1966).
O teólogo neo-orthodoxo Emil Brunner foi
ordenado pela igreja reformada da Suíça e foi professor de Teologia Sistemática
na Universidade de Zurique, onde sempre ensinou, exceto por longas turnês de
palestras nos Estados Unidos e na Ásia. Ele, junto com Karl Barth, buscou
reafirmar os temas centrais da reforma protestante contra o clima predominante
de teologia liberal. Apesar de, assim como Barth, tenha sido arrastado por um
socialismo religioso na juventude, começou a considerar essa postura como “uma
bela ilusão” diante dos horrores da Primeira Guerra Mundial.
4) Rudolf Bultmann (1884-1976).
Bultmann foi um teólogo alemão. Em 1912,
começou a trabalhar como docente na área de Bíblia - Novo Testamento em
Marburg; em 1916, tornou-se professor em Breslau; em 1920 foi para Giessen e,
em 1921, transferiu-se para Marburg, onde viveu e trabalhou até o final de sua
vida.
Ocupou-se com muitos temas da teologia,
filologia e arqueologia. Levantou questões importantes que dominaram a
discussão teológica do século passado e são relevantes até hoje, como, por
exemplo, o problema da demitologização.
5) Paul Johannes Oskar Tillich (1886-1965). Foi um teólogo alemão e filósofo cristão.
Paul Tillich estudou sucessivamente a
filosofia e a teologia em Berlin, Tübingen e Halle, sendo contemporâneo de Karl
Barth e Rudolf Bultmann.
Ordenado pastor em 1912, participou da
Primeira Guerra Mundial como capelão de guerra. Até 1933, lecionou em Berlin,
Marburg, Dresden, Leipzig e Frankfurt, onde sucedeu a Max Scheler em 1929.
Tendo perdido sua cátedra por causa de suas posições anti-nazistas, Tillich
emigrou para os Estados Unidos em 1933, a convite dos amigos Reinhold e Richard
Niebuhr. De 1933 a 1955, foi professor de Teologia Filosófica no Union
Theological Seminary e na Columbia University (New York). Depois, lecionou nas
universidades de Harvard e de Chicago.
6) Wolfhart Pannenberg (1928-) Teólogo Alemão.
A parte central da carreira teólogica de
Pannenberg foi sua defesa da teologia como uma rigorosa disciplina acadêmica,
uma capacidade de interação com a filosofia crítica, a história e as ciências
naturais.
Pannenberg é talvez mais conhecido pelo seu
livro: Jesus: Deus e Homem,
no qual ele constrói uma Cristologia “por baixo”, ou seja, a sua dogmática
decorre de uma análise crítica da vida de Jesus de Nazaré. Ele, correspondentemente,
rejeita a formulação tradicional da cristologia das “duas naturezas”
pontualizada no Concílio de Calcedónia, preferindo ver a pessoa de Cristo à luz
da vida de Jesus e de modo particular da sua ressurreição. Este foco sobre a
ressurreição de Cristo como a chave da identidade levou Pannenberg a defender a
sua historicidade.
7) Jürgen Moltmann (1926-).
Professor emérito de teologia sistemática na
Universidade de Tübingen, na Alemanha, é um dos mais amplamente lido teólogos
da segunda metade do século XX.
Após
seis meses na guerra, foi feito prisioneiro no campo de concentração de
Northon-Camp, na Inglaterra. Ali se encontravam também alguns professores de
teologia que ministravam lições aos seus companheiros; dentre eles, Jürgen
Moltmann.
Ele recebeu seu doutorado na Universidade de
Göttingen, sob a direção de Otto Weber em 1952.
Conclusão
De uma forma geral, a teologia dialética
apresenta duas características básicas. Em
primeiro lugar, afirma-se que a própria revelação tem estrutura dialética, “na medida em que mantém unidos
elementos que se excluem reciprocamente: Deus e homem, eternidade e tempo,
revelação e história”. Segundo,
os próprios enunciados teológicos devem seguir esta metodologia dialética,
exprimindo tanto a posição quanto a negação. O grande exemplo desta metodologia
continua sendo o primeiro livro de Karl Barth, intitulado A Carta aos Romanos.
Bibliografia
BARTH, Karl. Introdução à
Teologia Evangélica, São Leopoldo, Sinodal, 1996.
BONHOEFFER, Dietrich.
Discipulado, São Leopoldo, Sinodal, 1989.
COSTA, Hermisten Maia
Pereira da. Raízes da Teologia Contemporânea, São Paulo, Editora Cultura
Cristã, 2004.
HIGUET, Etienne. Teologia
e Modernidade, São Paulo, Fonte Editorial, 2005.
PANNENBERG, Wolfhart. Fé
e Realidade, São Paulo, Fonte Editorial, 2004.
TILLICH, Paul. A Era
Protestante, São Bernardo do Campo, Ciências da Religião, 1992. ____________.
História do Pensamento Cristão, São Paulo, ASTE, 2000.
____________.
Perspectivas da Teologia Protestante nos séculos XIX e XX, São Paulo, ASTE,
1999.
Prof.
David Rubens de Souza
Pindamonhangaba-SP
20
de fevereiro de 2012
Estilo de Normalizar Citação De Acordo com as Normas da ABNT para Trabalhos Acadêmicos.
RUBENS, David. Teologia Dialética. http://biblicoteologico.blogspot.com.br/. Acesso em: _____________.
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