quarta-feira, 15 de abril de 2020

508 - Morreu o escritor Rubem Fonseca.



Morreu no início da tarde, dia 15 de abril de 2020, no Rio de Janeiro um dos maiores escritores do Brasil, Rubem Fonseca.
A menos de um mês de completar 95 anos, Fonseca sofreu um infarto.
Rubem Fonseca, talvez o maior contista brasileiro da segunda metade do século XX, é autor, entre outros, de “Feliz ano novo” (1976), “A coleira do cão” (1963), “O cobrador” (1979).
Apesar da idade, Rubem Fonseca continuava a produzir em um ritmo raro. Somente nos últimos dez anos, lançou cinco livros: um romance (“José”, de 2011) e quatro de contos (“Axilas e outras histórias indecorosas”, “Amálgama”, “Histórias curtas”, “Calibre” e o derradeiro, “Carne crua”, que chegou às livrarias há dois anos).


domingo, 12 de abril de 2020

507 - Ressurreição de Jesus: a chegada de um novo tempo.


A Ressurreição de Jesus deve ser compreendida dentro do contexto escatológico do primeiro século. Já se falava muito sobre Ressurreição antes e durante a vida de Jesus. Com a esperança da vinda de um novo tempo, era esperado que aqueles que morreram antes desta chegar seriam ressuscitados para tomar seu lugar. Até se pensou que o perverso também seria ressuscitado a fim de receber seu justo castigo. Desse modo, a afirmação cristã que Deus levantou Jesus da morte era muito mais que simplesmente trazer o corpo morto de Jesus ao mundo tangível. Era a declaração triunfante de que a morte de Jesus na cruz não foi uma miserável derrota, mas a grande vitória que possibilitou o novo tempo. Jesus não estava morto, mas ressuscitado, as primícias da grande Ressurreição que acompanhariam a chegada iminente do novo tempo.
Lhoyd Geering, diz que há três afirmações do Novo Testamento que sempre devem ser feitas em conjunto, e elas estão corretamente entendidas, a saber, a Crucificação, a Ressurreição e o novo tempo. É o somente porque a crucificação conduziu ao novo tempo, que podemos falar da Ressurreição. É somente porque o crucificado está ressuscitado, que nós podemos falar de um novo tempo. É somente porque a Ressurreição demonstra a chegada do novo tempo, que discernimos o significado da Crucificação.



sexta-feira, 10 de abril de 2020

506 - Povos antigos e a prática da crucificação.



A crucificação era uma forma generalizada e extremamente comum de execução na antiguidade, usada por persas, indianos, assírios, citas, romanos e gregos. Reza Aslan diz que mesmo os judeus praticavam a crucificação, sendo essa punição mencionada várias vezes em fontes rabínicas. A razão para que a crucificação fosse tão comum é que ela era muito barata. Podia ser realizada em qualquer lugar, necessitando-se apenas uma árvore. A tortura poderia durar dias, sem a necessidade de um torturador. O procedimento da crucificação, era deixado por conta do carrasco. Alguns eram pregados de cabeça para baixo.
Foi Roma que tornou a crucificação a forma convencional de punição do Estado, criando uniformidade no processo, especialmente quando se tratava de pregar as mãos e os pés a uma viga. Era comum que a vítima fosse executada primeiro e, em seguida, pregada a uma cruz. O objetivo da crucificação não era tanto matar o criminoso, mas servir como forma de dissuasão para outros que quisessem desafiar o Estado.
No Império Romano, a crucificação era reservada exclusivamente para os crimes políticos mais radicais: traição, rebeldia, sedição, banditismo.  

505 - As narrações da morte de Jesus.


Jesus anunciou sua morte com muita insistência. Jesus não anunciou sua morte como um acidente ou uma desgraça, como uma fatalidade ou uma consequência inevitável da sua atuação. De certo modo, ele podia ter evitado o conflito com as autoridades. Podia não ter ido a Jerusalém na hora do maior perigo. Seria muito fácil buscar refúgio numa região vizinha, ou simplesmente na Galileia, até acalmar a tempestade. Tudo sucedeu como se, uma vez consciente do seu destino, Jesus tivesse resolvido precipitar o desfecho final. Foi a Jerusalém literalmente para se entregar. Os discípulos sabiam, Jo 2.7-8, e procuraram evitar o perigo. Foi inútil.
Aprendi com José Comblin que Jesus anteviu a sua morte como uma parte, como a parte principal da sua missão. Uma vez plantada a semente, para que esperar mais? Como o dizia a Judas: “O que pretendes fazer, faze-o logo”, Jo 13.27.
As narrações da morte de Jesus foram produzidas no contexto das reuniões nas quais os discípulos evocavam a memória de Jesus como ele mesmo o tinha ordenado. Os próprios apóstolos confessavam que fugiram. Portanto, não houve testemunhas dignas de confiança assistindo aos acontecimentos. A narração foi uma dramatização criada pelas comunidades.

504 - Sexta-feira Santa: Morte sacrificial de Jesus.



A compreensão mais familiar da morte de Jesus enfatiza sua natureza sacrificial substituta: ele morreu pelos pecados do mundo. Essa compreensão faz parte de um fardo maior, ou seja: todos nós somos pecadores. Para que Deus perdoe nossos pecados, um sacrifício substituto deve ser oferecido. Mas não seria adequado que um ser humano comum fosse sacrificado, já que tal pessoa seria pecadora e só estaria morrendo por seus próprios pecados. Assim, o sacrifício não deveria ser de um pecador, mas de um ser humano perfeito. Só Jesus, que não era apenas humano, mas também filho de Deus, era perfeito, imaculado e sem manchas. Assim ele é o sacrifício, e a Sexta-feira Santa é o dia que torna possível o nosso perdão.
Para a maioria dos cristãos esse é o verdadeiro motivo da morte de Jesus. É importante dizer que essa não é a única compreensão cristã da morte de Jesus. Aprendi com Dominic Crossan que foram necessários mais de mil anos para que ela se tornasse dominante. A compreensão esboçada apareceu pela primeira vez sob forma totalmente desenvolvida num livro escrito em 1097 por Santo Anselmo, arcebispo de Cantuária.  

503 - Morte de Jesus: uma entrega pelos outros.




Leonardo Boff me fez entender que toda a vida de Jesus foi um dar-se, um ser para os outros. Em nome do Reino de Deus, Jesus viveu seu ser para os outros até o fim, mesmo quando a experiência da ausência de Deus se fez na cruz. Jesus confiou e acreditou até o fim que Deus o aceitaria. Na verdade, ele sabia que a morte tinha um sentido secreto.   
A morte não constitui uma catástrofe que sobreveio abruptamente na vida de Cristo. Sua mensagem, vida e morte formam uma unidade radical. Jesus sabia que quem quiser modificar a situação humana para melhor e libertar o homem para Deus, para os outros e para consigo mesmo, deve pagar com a morte.

502 - Paixão de Cristo: A inscrição na cruz de Jesus.



Os evangelhos sinóticos relatam que Jesus foi crucificado na terceira hora do dia, isto é, às nove horas da manhã, junto com outros dois condenados judeus numa colina chamada “a caveira”, ou Gólgota em aramaico. Segundo João, a crucificação ocorreu três horas mais tarde, ao meio dia, a sexta hora. É importante dizer que a noite judaica transcorre de seis da tarde às seis da manhã, e o dia de seis da manhã às seis da tarde.
Sobre a referência a darem-lhe vinho com mirra ou vinagre, decorre mais provavelmente do desejo dos evangelistas de verem mais um cumprimento da Escritura, Sl 69.21.
A cruz de Jesus ostenta uma inscrição ou título, composto pelo próprio Pilatos, dando o motivo da execução. Nenhum dos quatro evangelhos concordam plenamente com outro ao registrar o curto texto da inscrição. O mais breve é Marcos, “O Rei dos judeus”, e a versão mais longa é a do Quarto Evangelho, “Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus”, com a observação acrescentada por João de que a inscrição fora redigida em aramaico, latim e grego. Geza Vermes diz que João observa que os chefes dos sacerdotes pediram a Pilatos para corrigir o texto, fazendo-o dizer: “Este homem disse: ‘Eu sou o rei dos judeus’”. Contudo, receberam uma resposta sumário do governador: “O que escrevi, escrevi”. Com isto, a delegação judaica desapareceu da história de João.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

501 - O Encontro entre as Religiões na Perspectiva da Esperança em Jürgen Moltmann.



Revista Eletrônica Espaço Teológico ISSN 2177-952X. Vol. 12, n. 22, jul/dez, 2018, p. 78-88.

O Encontro entre as Religiões na Perspectiva da Esperança em Jürgen Moltmann

(The encounter between religions in the perspective of hope in Jürgen Moltmann’s thought)

Tiago de Fraga Gomes
Doutorando em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), com estágio sanduíche pela Ruhr-Universität Bochum, Alemanha Mestre em Teologia, Bacharel em Teologia e Bacharel em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS).

Janaína Santos Reus Freitas
Mestranda em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS). Especialista em Psicopedagogia pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI/SC). Licenciada em Geografia pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC/RS).

RESUMO
O presente artigo pretende abordar como tema o encontro entre as religiões na perspectiva da esperança em Jürgen Moltmann. Em um primeiro momento, percebe-se que diante dos graves problemas que afetam a sociedade hodierna, faz-se necessária uma colaboração entre as diferentes religiões, o que só será possível se houver uma perspectiva de mudança que tenha por base a esperança na transformação da realidade atual. Em um segundo momento, discute-se a necessidade de uma teologia da esperança que mude os pensamentos e construa novas perspectivas desde a fé, e que fortaleça os vínculos colaborativos de todos aqueles que almejam o mesmo ideal de edificação de um mundo alternativo, onde haja justiça e paz. Um terceiro momento terá como base o seguinte questionamento: a partir do eschaton, que outro mundo é possível edificar? Como tese, buscar-se-ão no pensamento de Moltmann as razões para entender que no eschaton o que une prevalece sobre o que divide, pois as urgências de transformação superam as divergências, sendo fundamental a perspectiva da esperança como lente desde a qual é possível vislumbrar um encontro colaborativo entre as religiões.
Palavras-chave: Encontro; Esperança; Religiões; Eschaton; Moltmann.



domingo, 5 de abril de 2020

500 - Entrada Triunfal em Jerusalém. David Rubens de Souza.



Estou chegando ao número de 500 postagens.
A primeira foi feita no dia 12 de junho de 2010.
Visualizações: Mais de 154 mil.


Domingo de Ramos: Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém

Na primavera do ano 30, duas procissões entraram em Jerusalém. Era o início da semana da Páscoa, período mais sagrado do ano judaico.
Uma procissão era de camponeses, a outra um desfile imperial! Vido do leste, Jesus montou um jumento e desceu o monte das Oliveiras, saudado por seus seguidores. Jesus era da aldeia camponesa de Nazaré, sua mensagem era sobre o reino de Deus e seus seguidores eram formados pela classe camponesa. Tinha viajado da Galileia para Jerusalém, cerca de 160 quilômetros ao norte.
Do lado oposto da cidade, vindo do oeste, Pôncio Pilatos, o governador romano de Idumeia, de Judeia e de Samaria, entrou em Jerusalém na frente de uma fileira da cavalaria e de soldados imperiais. O cortejo de Jesus proclamava o reino de Deus; o Pilatos proclamava o poder do império. Os dois cortejos corporificavam o conflito central da semana que levou à crucificação de Jesus.
O desfile militar de Pilatos era uma demonstração do poder do império. Era um hábito dos governadores romanos da Judeia esta em Jerusalém durante as principais festividades judaicas. Era mais uma questão de garantir a ordem na cidade.
Imagine agora a chegada do cortejo imperial à cidade. A extravagância visual do poder do império: cavalaria, infantaria, armaduras de couro, armas etc.
Voltemos à narrativa de Jesus entrando em Jerusalém, foi um contracortejo. Jesus desce o monte das Oliveiras até a cidade montado no jumentinho e rodeado por uma multidão de seguidores e simpatizantes entusiasmados que espalham suas vestes, colocando ramos com folhas no chão e gritando: “Hosana! Bendito aquele que vem em nome do Senhor!
O cortejo de Jesus se contrapunha deliberadamente ao que estava acontecendo do outro lado da cidade. O cortejo de Pilatos personificava o poder, a glória e a violência do império que governava o mundo. O de Jesus personificava uma visão alternativa, o reino de Deus.
Observe que esse contraste, entre o reino de Deus e o reino de César, está no centro não somente do evangelho de Marcos, mas da história de Jesus e do início do cristianismo.
O confronto entre esses dois reinos continuou durante a última semana da vida de Jesus. A semana terminou com a execução de Jesus pelo império, e o triunfo do reino de Deus pela ressurreição de Jesus.  
    

499 - Entrada de Jesus em Jerusalém. Marcos 11.1-11. David Rubens de Souza.




A narrativa da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, é um dos poucos incidentes da vida de Jesus que aparece em todos os quatro relatos dos Evangelhos (Mateus 21.1-17; Marcos 11.1-11; Lucas 19.29-40; João 12.12-19). Ao combinar as quatro narrativas, torna-se claro que a entrada triunfal foi um evento significativo, não só para o povo da época de Jesus, mas para os cristãos ao longo da história. 


Marcos 11.1-11
1 E, logo que se aproximaram de Jerusalém, de Betfagé e de Betânia, junto do Monte das Oliveiras, enviou dois dos seus discípulos, 2 E disse-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e, logo que ali entrardes, encontrareis preso um jumentinho, sobre o qual ainda não montou homem algum; soltai-o, e trazei[-mo]. 3 E, se alguém vos disser: Por que fazeis isso? dizei-lhe que o Senhor precisa dele, e logo o deixará trazer para aqui. 4 E foram, e encontraram o jumentinho preso fora da porta, entre dois caminhos, e o soltaram. 5 E alguns dos que ali estavam lhes disseram: Que fazeis, soltando o jumentinho? 6 Eles, porém, disseram-lhes como Jesus lhes tinha mandado; e deixaram-nos ir. 7 E levaram o jumentinho a Jesus, e lançaram sobre ele as suas vestes, e assentou-se sobre ele. 8 E muitos estendiam as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos das árvores, e [os] espalhavam pelo caminho. 9 E aqueles que iam adiante, e os que seguiam, clamavam, dizendo: Hosana, bendito o que vem em nome do Senhor; 10 Bendito o reino do nosso pai Davi, que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas. 11 E Jesus entrou em Jerusalém, no templo e, tendo visto tudo em redor, como fosse já tarde, saiu para Betânia com os doze.




Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.