sábado, 24 de setembro de 2016

354 - As Visitas de Jürgen Moltmann ao Brasil: 1977; 2008; 2011; 2016.

Por David Rubens de Souza

O teólogo alemão reformado Jürgen Moltmann é um dos pensadores europeus de maior destaque no século XX, é também o que tem mais contato com o Brasil. Suas quatro visitas ao país (1977, 2008, 2011, 2016) possibilitaram uma ampla discussão nos meios acadêmicos acerca de sua obra que tem, desde então, desfrutado de amplo trânsito dentro dos mais diversos segmentos da tradição cristã.


Primeira Visita: 1977

Visitas a seminários e institutos teológicos no Brasil. Depois de uma visita a São Leopoldo, setembro, foi para Rudge Ramos, em São Paulo. Onde estava o antigo prédio do seminário metodista. Foi realizado o evento com três dias de duração, o tradutor da conferência foi o professor Duncan A. Reily. Naquela ocasião Moltmann visitou um seminário no centro da cidade e também a Igreja “O Brasil para Cristo”. No Rio de Janeiro visitou o Instituto Bennett. Em Recife, foi recebido por Dom Hélder Câmara. Onde ouve uma discussão sobre direitos humanos.




Segunda visita: 2008 

A Universidade Metodista de São Paulo acolheu o teólogo alemão Jürgen Moltmann do dia 29 a 31 de outubro de 2008.
Como parte do evento a Universidade Metodista de São Paulo ofereceu a Jürgen Moltmann o título de Dr. Honoris Causa como reconhecimento pelo conjunto de sua obra teológica e atuação no campo da educação.
Dia 30 – quinta-feira às 19h30 Concessão do título de Doutor Honoris Causa a Jürgen Moltmann - Edifício Beta. Salão Nobre
Dia 31 de outubro - sexta-feira - Edifício Beta. Salão Nobre.
8h Conferência: “O seu Nome é Justiça: a justiça de Deus para as vítimas e para os agressores”. Jürgen Moltmann

A contribuição de Jürgen Moltmann

A contribuição inestimável do Dr. Moltmann para a reflexão teológica, tanto quanto para a presença e ação pública das Igrejas na sociedade contemporânea, transcende as fronteiras da Europa e é universalmente reconhecida. Suas obras, traduzidas para diversas línguas, estão entre as mais influentes e o projetam entre os mais importantes teólogos dos séculos XX e XXI. A seriedade de sua interpretação da mensagem cristã, a sua profundidade filosófica, a sua permanente abertura para as angustiantes questões contemporâneas, a sua aguçada sensibilidade social e política, o seu compromisso com as causas dos Direitos Humanos, da justiça e da paz, da ecologia e do ecumenismo, entre outras, aliada à sua fecunda produção intelectual justificam, sem dúvida, a outorga do título de Doutor Honoris Causa.
Vale lembrar que, no ano de 1977, o Dr. Jürgen Moltmann, já mundialmente célebre em vista da publicação de sua Teologia da Esperança, esteve, a convite da Fateo, com o apoio da ASTE (Associação de Seminários Teológicos Evangélicos), no Brasil quando proferiu diversas conferências em distintas regiões do país, publicadas posteriormente sob o título Paixão pela Vida (São Paulo: ASTE, 1978). Nessa oportunidade, houve um diálogo tenso, porém fecundo, com a teologia da libertação latino-americana.



Terceira Visita: 2011

Nos dias 31 de agosto e 01 de setembro de 2011 o Centro Universitário Metodista Bennett recebeu a visita do Teólogo Jürgen Moltmann para realização de duas conferências. Moltmann realizou um diálogo no Bennett com o igualmente conhecido Teólogo brasileiro Leonardo Boff. Ambos ministraram a Aula Magna de abertura do segundo semestre letivo tratando da temática da ecologia e dos direitos humanos sob a inspiração da fé cristã. Moltmann lançou também, em parceria com o coordenador do Curso de Teologia na Faculdade de Teologia César Dacorso Filho e no Bennett, Prof. Levy Bastos, o livro “O futuro da criação”, no qual estão presentes as reflexões de ambos os teólogos sobre meio-ambiente e fé cristã.

Tema

O tema central foi o papel do ser humano como parte da criação e diante do seu sofrimento. Na sua primeira palestra, Jürgen Moltmann descreveu sua compreensão de uma “teologia ecológica” capaz de acompanhar o novo paradigma da sustentabilidade. Para isso, propôs uma leitura sustentável de Gênesis 1 (a criação do ser humano como último mostra a sua dependência de tudo que foi criado antes), problematizou o pensamento linear da modernidade e explicitou a sua compreensão de uma ética da criação (reconsiderando a ética do sábado como sétimo dia da criação).
Leonardo Boff apontou dez temas relacionados com o assunto, entre eles: o paradigma da interdependência, a importância da biodiversidade e diversidade cultural, a necessidade de uma ciência mais consciente e universidades promovendo uma aliança de saberes, a busca do bem comum, tanto da terra como da humanidade, e a substituição da ditadura da razão por uma razão sensível ou cordial.
O auditório do Bennett ficou duas vezes lotado e precisava-se de mais do que uma hora para atender às filas de pessoas em busca de um autógrafo nos livros de Jürgen Moltmann e do seu lançamento junto com Levy Bastos, diretor da Faculdade de Teologia do Bennett.


Quarta visita: 2016

Jürgen Moltmann veio ao Brasil para participar do Seminário Internacional de Teologia. Promovido pela Faculdade Unida, o encontro aconteceu de 19 a 21 de setembro, em Vitória, ES.
Com o tema “Vida, Esperança e Justiça: Jürgen Moltmann e a América Latina”, o encontro ofereceu aos participantes vários seminários temáticos, tais como: “Religião e Esfera Pública”, “Protestantismos e Sociedade”, “O Pensamento de Jürgen Moltmann”, “Religião, Gênero, Violências e Direitos Humanos”, “Narrativas Sagradas: Justiça e Esperança” e “Diversidade Religiosa e Étnico-Racial”.
Outros palestrantes que participaram do seminário: Dr. Craig Barnes, presidente do Seminário Teológico de Princeton, Dra. Uta Andrée da Missionsakademie de Hamburgo (Alemanha), Dr. Rudolf von Sinner, professor da Faculdades EST e o Dr. Levy da Costa Bastos, diretor do Seminário Metodista César Dacorso Filho.









quinta-feira, 22 de setembro de 2016

353 - JÜRGEN MOLTMANN E OS DIRETOS HUMANOS: REFLEXÃO SOBRE A TAREFA POLÍTICA DA CRISTANDADE

David Rubens de Souza

RESUMO
O presente estudo visa abordar a temática dos Direitos Humanos no pensamento de Jürgen Moltmann. A quarta visita do teólogo alemão ao Brasil torna-se momento oportuno para reflexão sobre diversos assuntos. Entre os vários temas que urge por uma reflexão consciente e contextualizada vale citar a Política, mais especificamente os Direitos Humanos. Também nesta área Moltmann prestou notável contribuição. A proposta do estudo consiste exatamente em fazer uma breve apresentação de algumas das intervenções do teólogo da esperança no sentido de compreender o espaço de reflexão dos Direitos Humanos na cristandade. Algumas questões norteiam o trabalho: a tarefa política da cristandade para além da vida em ordenamentos estatais preestabelecidos; a dignidade inviolável e o direito igual de todos os seres humanos; os Direitos Humanos entendidos como correspondência e antecipação do Reino do Filho do Homem. É possível supor que o cristianismo pode dar sua contribuição para a compreensão do ser humano e dos direitos.

Palavras-chaves: Jürgen Moltmann. Política. Direitos Humanos. Cristianismo.

Comunicação:
ST04 - Tema: "Religião, Gênero, Violências e Direitos Humanos".
Moderadora: Claudete Beise Ulrich
Link para o Artigo Completo: academia.edu

352 - Vida, Esperança e Justiça: Jürgen Moltmann e a América Latina


O Seminário Internacional de Teologia na Faculdade Unida de Vitória proporcionou ambiente de discussão de altíssimo nível.

Nomes que abrilhantaram o evento:

Jürgen Moltmann, Universidade de Tübingen, Alemanha.

Rudolf von Sinner, Doutor em Teologia pela Universidade de Basiléia, Suíça.

Uta Andrée, Doutora em Teologia pela Universidade de Heidelberg, Alemanha.

Levy da Costa Bastos, Doutor em Teologia pela Universidade de Tübingen, Alemanha.

M. Craig Barnes, Presidente do Princeton Theological Seminary (USA).

Nelson Kilpp, Doutor em Teologia pelo Philipps Universität, Alemanha.












       

351 - Jürgen Moltmann no Brasil


Momento inesquecível, está ao lado de Jürgen Moltmann, um dos maiores teólogos de todos os tempos, o último da famosa safra de teólogos alemães do século XX, conhecidos como teólogos dialéticos: Karl Barth; Rudolf Bultmann; Emil Brunner; Friedrich Gogarten; Oscar Cullmann; Wolfhart Pannenberg.




 

Vitória-ES, 20 de setembro de 2016 
           

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

350 - Seminário Internacional: “Vida, Esperança e Justiça: Jürgen Moltmann e a América Latina”.



Faculdade Unida de Vitória recebe aquele que é certamente um dos mais influentes teólogos dos séculos XX e XXI. Será uma oportunidade ímpar. Além do Dr. Moltmann estarão no evento o Dr. Craig Barnes, presidente do Seminário Teológico de Princeton, a Dra. Uta Andrée da Missionsakademie de Hamburgo (Alemanha), o Dr. Rudolf von Sinner, professor da Faculdades EST e o Dr. Levy da Costa Bastos. Além disso, o evento contará com seis seminários temáticos para a apresentação de trabalhos acadêmicos.

QUADRO SINTÉTICO DAS COMUNICAÇÕES E CADERNO DE RESUMOS
clicando no link abaixo.
  





terça-feira, 13 de setembro de 2016

349 - Jean-Louis Ska: O Canteiro do Pentateuco

Aconteceu hoje na Faculdade Dehoniana, Taubaté-SP, uma palestra do biblista belga Jean-Louis Ska, um dos melhores especialistas em Antigo Testamento, sobretudo Pentateuco. O evento foi realizado em parceria com a editora Paulinas, ele fez uma apresentação no auditório da instituição sobre  o tema de seu novo livro “O Canteiro do Pentateuco”.
A palestra foi traduzida do italiano pelo Prof. MSc. Pe. Claudio Roberto Buss, coordenador da graduação de Teologia na Dehoniana. Ska veio ao país para participar do VII Congresso da ABIB (Associação Bíblica Brasileira) onde falou sobre a obra que contém as mais recentes pesquisas em composição, interpretação e aspectos teológicos e literários.
Jean-Louis Ska é um jesuíta nascido na cidade de Arlon, Bélgica, em 1946. Em 1964 entra para a Companhia de Jesus, na qual estuda filosofia em Namur, teologia em Frankfurt e Exegese no Pontifício Instituto Bíblico de Roma, onde se torna doutor em Sagrada Escritura em 1984.
No Brasil suas obras editadas são: “Introdução à leitura do Pentateuco: Chaves para a interpretação dos cinco primeiros livros da Bíblia”, “A Palavra de Deus nas narrativas dos homens”, “Abraão e seus hóspedes. O patriarca e aqueles que crêem no Deus único” e “O Deus oleiro, dançarino e jardineiro”.







quinta-feira, 8 de setembro de 2016

347 - Livro de Miqueias: Obras que ajudam a conhecer o profeta Miqueias.





Defesa da Família: Casa e Terra, Entendendo o Livro de Miqueias

Escutem bem, chefes de Jacó, governantes da casa de Israel. Por acaso, não é obrigação de vocês conhecer o direito e a justiça? Vocês são gente que devora a carne do meu povo e arranca suas peles" (Mq 3,1-3). "O que Javé exige de você: praticar o direito, amar a misericórdia, caminhar humildemente com o seu Deus" (Mq 6,8). Pisando no chão sagrado da comunidade do profeta Miqueias e da tradição que se formou ao seu redor, encontramos um grupo profético que defende a justiça, o direito e a misericórdia. Que o estudo e a reflexão a partir do livro de Miqueias nos inspire na construção do Reino da Vida: "Toda a humanidade, como uma família com a casa comum, deve respirar junto com a terra, a mãe planeta".
p. 128
Paulus


Miqueias: memórias libertadoras de um líder camponês
Luiz Alexandre Solano Rossi

Miqueias: memórias libertadoras de um líder camponês é um subsídio para o Mês da Bíblia 2016. É um livro em forma de convite para que o leitor se insira no mundo do profeta Miqueias e faça os caminhos dele na defesa dos mais fragilizados e sempre à procura de ações solidárias com aqueles que experimentam a violência e a opressão. Durante esse percurso será sempre necessário perguntarmo-nos como a mística profética se manifesta em nosso modo de ser e de viver como discípulo e missionário de Jesus Cristo.
A expectativa de Miqueias é a de uma sociedade fundamentada na prática do direito e da justiça, isto é, na preservação e na promoção de ordenamentos sociais que são vitalmente necessários para a construção da comunidade. No entanto, o que ele constata é uma sociedade construída a partir de privilégios de alguns em detrimento da pobreza de todos os outros.
Diante do caos social e de ações predadoras dos mais fortes em relação aos mais fracos, torna-se essencial recuperar as memórias de libertação de um camponês que nos convida a caminhar com os fragilizados em direção a Deus.
Livro indicado para as pessoas e grupos que desejam aprofundar o tema do Mês da Bíblia 2016. 
p. 168
Paulinas


Como ler o livro de Miquéias
Ivo Storniolo, E. M. Balancin

Miquéias é o porta-voz dos direitos dos camponeses e o profeta que se posiciona contra o latifúndio e contra a exploração da cidade sobre o campo. Esta é a chave de leitura que o presente livrinho oferece, possibilitando ao leitor chegar ao núcleo da mensagem de Miquéias e descobrir o seu significado para o nosso tempo.
Paulus
p. 44


Profecia em defesa da vida: círculos bíblicos sobre o livro de Miqueias
Mercedes Lopes
Diante do contexto do mundo atual, com massacres e guerras que obrigam milhares de pessoas a deixarem seus territórios de origem e migrarem para outros países em busca de vida, fica evidente atualidade da profecia de Miqueias, que diz: "Eles forjarão de suas espadas arados, e de suas lanças podadeiras. Uma nação não levantará a espada contra outra nação e não se prepararão mais para a guerra (Mq 4,3b.
Com este subsídio, pode-se fazer a reflexão da vida e da Bíblia com a proposta de 7 círculos bíblicos sobre o livro de Miqueias.
p. 48
CEBI


O Profeta Miqueias: a esperança é a última que morre
“Praticar o direito, amar a misericórdia, caminhar humildemente com o seu Deus” (Mq, 6,16)
Francisco Orofino
Carlos Mesters

O livro sobre o profeta Miqueias será estudado e meditado no mês da Bíblia em 2016. Apesar das poucas palavras escritas pelo profeta (apenas sete capítulos), sua personalidade forte fez e faz com que seus escritos sejam lembrados até hoje.  Miqueias foi um homem do povo, que lutava contra as injustiças e pelos oprimidos. O texto nos diz que Miqueias recebia suas missões através de visões sobre a palavra de YHWH. As palavras de Deus para Miqueias não eram sobre seu próprio destino, mas sim, para os governantes e habitantes de Samaria e Jerusalém.

Escrito por Carlos Mesters e Francisco Orofino, o livro nos permite um aprofundamento na leitura dos capítulos de Miqueias em relação ao momento atual vivido no país. As reflexões do profeta fazem prosperar o sentido de justiça e defesa dos direitos humanos, mesmo frente à situação de injustiça e desigualdade que enfrentamos no país. 
p. 40
CEBI


Meu Povo em Miquéias
Milton Schwantes

Partindo da temática “povo” e “povo de Deus”, muito em voga no atual contexto latino-americano, o autor estuda detalhadamente a expressão “meu povo” no livro de Miquéias, além de oferecer uma orientação geral sobre a pessoa e a mensagem deste profeta. Conclui que, em Miquéias, “meu povo” é vítima dos responsáveis pela maldade reinante. Com este povo o profeta se sabe solidário. Este é o povo do profeta e o povo de Deus, que sofre de modo bem concreto. Por isso, “meu povo” não são apenas os fiéis seguidores do Senhor, mas os/as pobres e explorados/as, os/as lavradores em fase de empobrecimento. Além disso, “meu povo” são também os moradores de Jerusalém acossados pelo exército inimigo. Assim se evidencia que o cerne de “meu povo”, do povo de Deus, são as pessoas fracas. E esta é uma tendência de todo o Antigo Testamento, que testemunha o Deus que liberta escravos e oprimidos - homens e mulheres.
p. 24
CEBI



Vida Pastoral
Setembro/Outubro-2016












David Rubens

346 - Gênesis 1: Projetos de Esperança. David Rubens




Milton afirma que o capítulo 1 de Gênesis é um texto de cunho teológico que tem por objetivo revelar Deus em uma linguagem poética, sem interesse histórico ou científico, uma espécie de confissão de fé. O texto é produto da elite de Judá e Jerusalém deportada para Babilônia em 597 e 586 a.C. Milton comenta que “gente deportada e desenraizada se expressa através de Gênesis 1”. A narrativa deixa transparecer o conflito religioso no contexto do exílio, revela o trabalho dos ex-sacerdotes no sentido de conservar a identidade dos judeus que corriam o risco de perder suas tradições e se converter ao sistema cultural babilônico. 
O exílio babilônico marcou a história de Israel em dois sentidos. Primeiro, foi uma catástrofe sócio-econômica, a elite, ou classe dirigente, foram os mais atingidos pela invasão babilônica. Segundo, reacendeu a vida religiosa do povo. Os deportados, sujeitos a trabalho forçado, reativaram as lembranças e encontraram nas tradições de fé de Israel força para manter acesa a esperança de vida.
Mais do que expor o assunto, Milton reler Gênesis 1 a partir de pessoas oprimidas que através da poesia tentavam reacender a chama da esperança, pessoas sofridas que encontravam forças nas lembranças e se achavam capazes até mesmo de desafiar os deuses babilônicos, pessoas roubadas que ainda a sim eram capazes de sonhar com a libertação.
Schwantes afirma que Gênesis 1 apesar de ter característica de narração, é seguramente poesia. As frases seguem um ritmo, trata-se de um poema solene com reflexões: “houve tarde e manhã”, (v. 5, 8, 13). O texto era usado em liturgia nas reuniões do povo. A poesia tinha por finalidade “esquentar o coração e facilitar o movimento dos pés”.

Bibliografia
GASS, Ildon Bohn (org.). Exílio babilônico e dominação persa. 2ª ed. São Leopoldo: CEBI; São Paulo: Paulus, 2005.
RAD, von Gerhard. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Aste; Targumim, 2006.
REIMER, Haroldo. Toda a Criação. São Paulo: Oikos, 2016.
SCHWANTES, Milton. Projetos de Esperança: Meditações sobre Gênesis 1-11.
São Paulo: Paulinas, 2009.
WESTERMANN, Claus. Fundamentos da Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Academia Cristã, 2005.
WOLFF, Hans Walter. Bíblia Antigo Testamento: Introdução aos escritos e aos métodos de estudo. São Paulo: Teológica; Paulus, 2003.


terça-feira, 6 de setembro de 2016

345 - A origem de Javé: o Deus de Israel e seu nome. Thomas Römer


Sinopse
Se o judaísmo e, em seguida, o cristianismo e o islã proclamam a unidade de um deus reinando sozinho, desde toda a eternidade, sobre o céu e a terra, a própria Bíblia Hebraica dá testemunho, para quem a lê com atenção, de suas raízes politeístas. De fato, o “deus de Abraão” ao qual se referem as três religiões do Livro, cada uma à sua maneira, não foi único desde sempre. Como é que um deus entre os outros se tornou Deus? Eis o enigma que este mergulho nas fontes do monoteísmo se propõe elucidar, percorrendo, ao longo de um milênio, as etapas de seu desenvolvimento. De onde vem esse deus e por que viés se revelou ele a “Israel”? Quais eram os seus atributos e qual era o seu nome antes de se tornar impronunciável? Quando chegou ele à situação de deus tutelar dos reinos de Israel e Judá? Sob que formas era venerado e representado? Por que decaíram as outras divindades, ao lado de quais ele reinava? No fim de que processo e em reação a quais acontecimentos se impôs o culto exclusivo que, progressivamente, lhe foi dado? À luz da crítica histórica, filológica e exegética, e das mais recentes descobertas da arqueologia e da epigrafia, Thomas Römer responde a essas questões com uma pesquisa rigorosa e apaixonante sobre os traços de uma divindade da tempestade e da guerra erigida, depois da “vitória” sobre as suas rivais, em deus único, universal e transcendente.

Introdução
Na paisagem religiosa da humanidade, o judaísmo é considerado a mais antiga religião monoteísta, professando que só existe um deus que é, ao mesmo tempo, o deus específico do povo de Israel e o deus de todo o universo. Essa ideia de um deus único difundiu-se, depois, no cristianismo e no islã, que a expressam cada um à sua maneira. Ao lermos as Bíblias judaica e cristãs,1 bem como o Corão, tem-se a impressão de que esse deus esteve sempre lá, pois é ele o criador do céu e da Terra. Mas, olhando mais de perto, encontramos textos que admitem a existência de outros deuses, como naquela história do conflito entre um tal de Jefté, chefe militar de uma tribo israelita, e Seon, rei dos vizinhos de Israel a leste, que foi relatada no livro dos Juízes. Para resolver o conflito territorial, Jefté utiliza um argumento teológico: “Não possuis o que Camos, teu deus, te fez possuir? E tudo o que o Senhor, nosso Deus, nos entregou em posse, não o possuiríamos nós?” (Jz 11,24). Aqui, o deus de Jefté é considerado como o deus tutelar de uma tribo ou de um povo, à semelhança de Quemós, o deus tutelar de Seon. Continuando a leitura da Bíblia hebraica,2 descobrimos outros textos curiosos. Os destinatários do Deuteronômio são, por exemplo, muitas vezes exortados a não seguir outros deuses, sem que a existência, ou seja, a realidade deles, seja negada. Assim, a Bíblia guarda traços da existência no Levante, até mesmo em Israel, de uma pluralidade de divindades e de que o Deus de Israel, cujo nome se pronunciava talvez Javé ou Yahou (questão que será abordada no primeiro capítulo), não era, de modo algum, o único deus a ser venerado pelos israelitas.

16X23
p. 256
Paulus




344 - VII Congresso Brasileiro de Pesquisa Bíblica (ABIB)


Evento promovido pelo Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da Metodista e a Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (ABIB). (29 ago - 01 set, 2016)

O teólogo belga Jean-Louis Ska falou sobre as tendências do estudo do Pentateuco nos últimos dez anos. Ska é uma autoridade no assunto, além de ser professor de Exegese do Antigo Testamento no Pontifício Instituto Bíblico de Roma, já escreveu diversos livros, incluindo “Introdução à Leitura do Pentateuco”, publicado no Brasil pela editora Loyola.
Ska ressaltou que com o livro Deuteronômio, reencontramos a lei e o mundo jurídico da Torá, tema pelo qual Eckart Otto trabalhou para devolver importância, pois acredita que a solução dos problemas do Pentateuco não vem das narrativas, mas sim das leis. Por outro lado, John Van Seters sustenta que o Código da Aliança seja mais recente do que o Código Deuteronômico e que a Lei de Santidade.

Ska explica que duas tendências importantes da pesquisa são a reforma de Josias e a natureza de Deuteronômio. No passado, a reforma de Josias foi considerada historicamente importante, porque teria acontecido a purificação de elementos estranhos e centralização do culto em Jerusalém, por meio da destruição dos cultos rivais.
A mesa “Pentateuco: História, Tradução e Exegese”, contou com a participação de Vicente Artuso, da PUC do Paraná, que coordenou a mesa e Telmo Figueiredo, membro da ABIB, que realizou a tradução do italiano para o português.


O exegeta suíço Thomas Römer foi o convidado da conferência de quarta-feira (31) do VII Congresso Brasileiro de Pesquisa Bíblica.
Thomas Römer, da Université de Lausanee, falou a respeito dos papéis de Moisés no Pentateuco. Nos livros, ele aparece como legislador, rei, chefe e juiz de Israel, mas de acordo com Römer, o papel mais importante de Moisés é o de legislador.
Moisés: legislador, rei e juiz
“No Antigo Oriente, o rei é o mediador tradicional entre os deuses e o povo. Na Mesopotâmia, o governante político é frequentemente também o primeiro de todos os sacerdotes, devido à sua relação especial com uma divindade particular”, diz. O rei era também considerado o pastor de seu povo, legislador e juiz, como responsável pela ordem do país.





Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.