Milton afirma que o
capítulo 1 de Gênesis é um texto de cunho teológico que tem por objetivo
revelar Deus em uma linguagem poética, sem interesse histórico ou científico,
uma espécie de confissão de fé. O texto é produto da elite de Judá e Jerusalém
deportada para Babilônia em 597 e 586 a.C. Milton comenta que “gente deportada
e desenraizada se expressa através de Gênesis 1”. A narrativa deixa
transparecer o conflito religioso no contexto do exílio, revela o trabalho dos
ex-sacerdotes no sentido de conservar a identidade dos judeus que corriam o
risco de perder suas tradições e se converter ao sistema cultural babilônico.
O exílio babilônico
marcou a história de Israel em dois sentidos. Primeiro, foi uma catástrofe
sócio-econômica, a elite, ou classe dirigente, foram os mais atingidos pela
invasão babilônica. Segundo, reacendeu a vida religiosa do povo. Os deportados,
sujeitos a trabalho forçado, reativaram as lembranças e encontraram nas
tradições de fé de Israel força para manter acesa a esperança de vida.
Mais do que expor o
assunto, Milton reler Gênesis 1 a partir de pessoas oprimidas que através da
poesia tentavam reacender a chama da esperança, pessoas sofridas que
encontravam forças nas lembranças e se achavam capazes até mesmo de desafiar os
deuses babilônicos, pessoas roubadas que ainda a sim eram capazes de sonhar com
a libertação.
Schwantes afirma que
Gênesis 1 apesar de ter característica de narração, é seguramente poesia. As
frases seguem um ritmo, trata-se de um poema solene com reflexões: “houve tarde
e manhã”, (v. 5, 8, 13). O texto era usado em liturgia nas reuniões do povo. A
poesia tinha por finalidade “esquentar o coração e facilitar o movimento dos
pés”.
Bibliografia
GASS, Ildon Bohn (org.). Exílio babilônico e dominação persa. 2ª ed. São Leopoldo: CEBI; São Paulo: Paulus, 2005.
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RAD, von Gerhard. Teologia do Antigo
Testamento. São Paulo: Aste; Targumim, 2006.
REIMER, Haroldo. Toda a Criação. São Paulo: Oikos, 2016.
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SCHWANTES, Milton. Projetos de Esperança:
Meditações sobre Gênesis 1-11.
São Paulo: Paulinas, 2009.
WESTERMANN, Claus. Fundamentos da Teologia
do Antigo Testamento. São Paulo: Academia Cristã, 2005.
WOLFF, Hans Walter. Bíblia Antigo
Testamento: Introdução aos escritos e aos métodos de estudo. São Paulo:
Teológica; Paulus, 2003.
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