segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

486 - David Rubens de Souza: Livros.


SOUZA, David Rubens. História da Igreja. 1. ed. Pindamonhangaba: IBAD, 2020. ISBN - 978-85-60068-59-3. P. 200.
SOUZA, David Rubens. Pentateuco: História, composição e aspectos teológicos de Gn, Êx, Lv, Nm e Dt. 1. ed. Pindamonhangaba: IBAD, 2020. ISBN - 978-85-60068-56-2. P. 300.
SOUZA, David Rubens. Capelania Crista: serviço de assistência espiritual. Pindamonhangaba-SP: IBAD, 2020. ISBN. 978-85-60068-54-8. P. 100.
SOUZA, David Rubens. Jesus Histórico: o caminho do amor e do cuidado. Curitiba-PR: Editora Prismas, 2016. ISBN - 978-8555-07379-3. P. 110.
RUBENS, David. No caminho com Deus: Livro de Reflexões. Pará de Minas/MG: Kerygma, 2012. ISBN. 978-85-7953-638-0. P. 85.
RUBENS, David. Jesus: modelo de práxis-social cristã. São Paulo: Kerygma, 2011. P. 96.


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

485 - Manuscritos do Mar Morto: balanço das pesquisas sobre a maior descoberta arqueológica do século 20, feita em 1947.



Em 1947, dois beduínos árabes, percorrendo a região montanhosa e árida de Hirbet Qumran, no deserto da Judeia, a 12 quilômetros ao sul de Jericó, em Israel, entraram numa das várias cavernas do lugar e ali se depararam com vasos longos e cilíndricos, que continham manuscritos muito antigos, alguns em estado fragmentário. Um desses documentos – identificado mais tarde – era uma cópia do livro bíblico de Isaías produzida entre 125 e 100 antes de Cristo.
Qumran, a noroeste do Mar Morto: em 11 cavernas da região, foram encontrados 930 manuscritos antigos – Foto: Donostiako Elizbarrutia via Flickr – CC.
O achado dos beduínos representou a maior conquista  da arqueologia do século 20. Atraídos pela descoberta inicial, pesquisadores vasculharam a área, localizada na região noroeste do Mar Morto, e – ao longo de nove anos, entre 1947 e 1956 – trouxeram à luz 930 manuscritos que estavam guardados em 11 cavernas de Qumran. Desse total, 210 reproduzem livros da Bíblia hebraica – que os cristãos chamam de Antigo Testamento -, principalmente os Salmos (36 cópias), o Deuteronômio (32) e o Gênesis (23). Entre os manuscritos não bíblicos estavam o Manual de Disciplina ou Regra da Comunidade, que descreve as práticas e rituais da seita que produziu os manuscritos, os Hinos de Ações de Graças e o Documento de Damasco, outro texto que retrata o cotidiano da seita. Escritos em sua maior parte em hebraico – mas também em aramaico e em grego -, os documentos foram datados de entre 250 antes de Cristo e 68 depois de Cristo.
Fragmentos de um dos pergaminhos do livro de Isaías – Foto: Petra Sonderegger via Flickr – CC.
Setenta anos depois da façanha involuntária dos dois beduínos, pesquisadores de várias partes do mundo ainda discutem o significado da descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, como ficaram mundialmente conhecidos os textos encontrados nas cavernas de Qumran. No Brasil, o debate foi enriquecido com o lançamento, em setembro, do livro Manuscritos do Mar Morto – 70 Anos da Descoberta, organizado por Fernando Mattiolli Vieira e publicado pela Editora Humanitas, ligada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
Capa do livro Manuscritos do Mar Morto – 70 Anos da Descoberta.
Com 220 páginas, o livro traz seis artigos de especialistas do Brasil e do exterior sobre diferentes aspectos dos manuscritos – desde uma introdução geral aos documentos de Qumran e a produção bibliográfica brasileira sobre o tema até uma análise da vida da mulher na seita que produziu os textos. No final, a obra apresenta ainda um apêndice com os títulos das matérias sobre os Manuscritos do Mar Morto publicadas entre 1956 e 2017 nos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo. “Os assuntos encontrados neste livro estão entre os mais importantes já discutidos em nível mundial”, escreve na introdução o organizador Fernando Vieira, que é doutor em História pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e professor da Universidade de Pernambuco.
Atualmente, os manuscritos encontrados em Qumran estão guardados no Santuário do Livro, uma ala do Museu de Israel, em Jerusalém. Boa parte deles foi publicada entre 1955 e 2009 pela Oxford University Press, na série Discoveries in the Judean Desert.

Essênios?
Até hoje há divergências em torno da identidade da comunidade de Qumran, informa o pesquisador Edson de Faria Francisco, da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), no artigo “Manuscritos de Qumran: Introdução Geral”, publicado em Manuscritos do Mar Morto. Para uma parcela considerável dos pesquisadores, esse grupo poderia ser identificado com os essênios, um dos vários ramos do judaísmo que floresceram entre o século 2 antes de Cristo e os primeiros séculos da era cristã – entre eles, os fariseus, os saduceus e os zelotes. Escritores antigos como Fílon de Alexandria, Flávio Josefo e Plínio, o Velho citam esse grupo, mas não há consenso entre os especialistas sobre as informações fornecidas por eles, afirma Francisco. “A identificação da comunidade de Qumran com os essênios continua em aberto até o presente momento.”
Escavações nas cavernas de Qumran trouxeram à luz fragmentos materiais que reconstituem aspectos da vida da comunidade que produziu os Manuscritos do Mar Morto – Foto: Reprodução.
Apesar das dúvidas, a “hipótese essênia” tem resistido ao tempo e continua a ser a interpretação que mais bem explica as evidências, segundo o pesquisador Dennis Mizzi, da Universidade de Malta, que assina o artigo “Qumran aos Setenta”, também publicado no livro lançado pela Editora Humanitas. “É muito improvável que novos dados venham a minar seriamente essa interpretação – o que não quer dizer que ela é perfeita ou que não há espaço para modificações ou refinamentos.”
Réplica dos vasos onde foram guardados os manuscritos – Foto: Reprodução.
Mas as incertezas não se limitam à identidade do grupo que legou os manuscritos. Em seu artigo, Mizzi cita várias outras questões que ainda constituem enigmas. “Setenta anos depois, o trabalho mal começou”, escreve. Por exemplo, há dúvidas sobre a cronologia e o uso dos edifícios construídos a partir do século 8 antes de Cristo no topo do platô que dá vista para a costa noroeste do Mar Morto – que a princípio não foram associados aos manuscritos -, hoje em ruínas. Existem teorias que consideram Qumran não apenas um mero assentamento sectário essênio, mas um espaço de culto ou um centro de purificação ritual ou até mesmo um centro de produção de pergaminhos para a composição de manuscritos.
O tamanho da população em Qumran também é motivo de disputa. Dependendo da teoria adotada, o lugar pode ter abrigado entre dez e cem pessoas. Há dúvidas se essa população vivia no assentamento ou nas cavernas. Mizzi elenca ainda outros mistérios: “Quando os manuscritos chegaram em Qumram? Quem os levou para lá? Por que foram depositados em cavernas e quando exatamente? Qumran era uma ‘biblioteca’? Todos os manuscritos foram usados (ou lidos) no assentamento? Alguns vieram de outros ‘assentamentos sectários’ relacionados? Essas são algumas das questões não resolvidas, e o trabalho futuro da arqueologia dos manuscritos poderá clarear alguns deles.”
Para Mizzi, as investigações sobre os Manuscritos do Mar Morto deveriam estar mais integradas com a pesquisa em Antiguidade clássica, e não ficar restritas aos campos do judaísmo antigo e dos estudos bíblicos, como ocorre atualmente. “Qumran era, essencialmente, parte do mundo mediterrâneo”, destaca o pesquisador. “Nesse sentido, é também um sítio clássico e, por isso, sua interpretação deveria ser contextualizada por tal base.”
Em sua maior parte, escritos em hebraico, os documentos foram datados de entre 250 antes de Cristo e 68 depois de Cristo – Foto: Israel Tourism via Flickr – CC.
O artigo sobre a vida da mulher na comunidade de Qumran é de autoria da pesquisadora Clarisse Ferreira da Silva, pós-doutora pela USP, uma das maiores especialistas brasileiras nos Manuscritos do Mar Morto. Analisando o Documento de Damasco, Clarisse notou traços do cotidiano das mulheres naquela comunidade. Segundo ela, a mulher permanecia sob a autoridade de seu pai até o dia de seu casamento. “Ao pai cabia assegurar a ela um noivo adequado e ao mesmo tempo não esconder seus defeitos ao potencial marido, assim evitando uma maldição e talvez também um divórcio”, escreve Clarisse. “Ela, aparentemente, não tinha qualquer papel no processo dos arranjos do casamento. Homens, por sua vez, tinham a possibilidade, ou a obrigação talvez, de procurar o líder comunal para o mesmo fim. Uma vez casados, as mulheres transitavam da autoridade do pai para a do marido. Poligamia era interditada, mas não o divórcio ou o segundo casamento. Também não era obrigatório casar apenas com mulheres provindas de famílias vinculadas à seita.”
Outros artigos publicados em Os Manuscritos do Mar Morto são “Demonologia e teodiceia na apocalíptica judaica e em Qumran”, de César Carbullanca Núñez, da Universidade Católica de Maule, no Chile, e “Ler a Bíblia hebraica aos 70 anos do descobrimento dos Manuscritos do Mar Morto”, de Florentino García Martínez, da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica.
Os Manuscritos do Mar Morto – 70 Anos da Descoberta, de Fernando Mattiolli Vieira (organizador), Editora Humanitas, 220 páginas.
Artigo de Roberto C. G. Castro
Fonte: Jornal da USP. https://jornal.usp.br/cultura/manuscritos-do-mar-morto-ainda-guardam-misterios-70-anos-depois/


terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

484 - Emanuel Tov no Brasil.


A Transmissão do Texto Bíblico Curso de Extensão com Emanuel Tov. Universidade Metodista de São Paulo (UMESP)




Emanuel Tov é doutor em estudos bíblicos pela Universidade Hebraica de Jerusalém (1973). Ele tem publicado de maneira extensiva estudos sobre crítica textual da Septuaginta e da Bíblia Hebraica. Em 1990 ocupou a cadeira do Departamento J. L. Magnes de Estudos Bíblicos na mesma universidade. Tov especializou-se em vários aspectos da crítica textual e literária da Bíblia Hebraica e da Septuaginta, bem como dos Manuscritos do Deserto da Judeia. Além de escrever vários livros e artigos, o autor ainda está envolvido em vários projetos de pesquisa. Entre 1990 e 2009, direcionou a sua energia no projeto de publicação de todos os Manuscritos do Deserto da Judeia na série Discoveries in the Judaean Desert (DJD). É também professor emérito do Departamento de Bíblia da Universidade Hebraica de Jerusalém, Israel. Foi editor-chefe do Projeto de Publicação dos Manuscritos do Mar Morto (1990-2009). Entre suas muitas publicações estão: The Dead Sea Scrolls on Microfiche (2a ed. 1995), The Greek Minor Prophets Scroll from Nahal Hever, DJD VIII (1990), The Greek and Hebrew Bible – Collected Essays on the Septuagint (1999) e Textual Criticism of the Hebrew Bible, Qumran, Septuagint: Collected Writings, Volume 3 (2015) Você encontra mais informações sobre Emanuel Tov no site http://huji.academia.edu/EmanuelTov.



A Bíblia Grega e Hebraica
Ensaios Reunidos Sobre a Septuaginta A série Supplements to Vetus Testamentum abrange toda a extensão de estudos do Antigo Testamento. Inclui os estudos sobre a Septuaginta, pesquisas relevantes de ugarítico para o estudo do Antigo Testamento, estudos hebraicos, estudos sobre a antiga história e sociedade israelitas e estudos sobre a história da disciplina. Há tanto obras individuais quanto volumes coletivos, estes últimos incluem os Proceedings of the Triennial International Congresses of the International Organization for the Study of the Old Testament. Este volume contém trinta e oito estudos dedicados à Septuaginta. Escritos por Emanuel Tov, um expert reconhecido em nível internacional sobre a referida versão bíblica clássica e a sua relação com a Bíblia Hebraica. A experiência do autor sobre tais tópicos é baseada em mais de três décadas de trabalho no Hebrew University Bible Project (HUBP), no projeto Computer Assisted Tools for Septuagint Studies (CATSS) e em cursos anuais sobre a Septuaginta ministrados na Universidade Hebraica de Jerusalém. Tais estudos, originalmente publicados entre 1971 e 1997, tratam dos seguintes assuntos: tópicos gerais, lexicografia, técnicas de tradução e exegese da Septuaginta, crítica textual e literária da Bíblia Hebraica e as revisões da Septuaginta. Todos os estudos incluídos nesta obra foram revisados, ampliados ou, em alguns casos, encurtados de maneira considerável; e integram estudos que apareceram posteriormente após a redação original dos mesmos.



Crítica Textual da Bíblia Hebraica
Desde a sua publicação inicial em 1992, a obra Crítica Textual da Bíblia Hebraica (Textual Criticism of the Hebrew Biblese no original) estabeleceu como o indispensável texto acadêmico competente e referência sobre o assunto. Nesta edição, Emanuel Tov incorporou totalmente os insights dos últimos vinte anos intensos de estudos acadêmicos. Neles estão novas perspectivas sobre os textos bíblicos, entre os manuscritos bíblicos do Deserto da Judeia agora publicados. Aqui o estudante encontrará uma introdução bem organizada para os recursos e prática da crítica textual; o estudioso encontrará uma penetrante discussão programática criteriosa dos seus métodos. A obra é rica em novas discussões e novos destaques. O resultado é uma apresentação notavelmente lúcida sobre uma disciplina complexa, atrativa e de constante mudança.



Edson de Faria Francisco
É linguista e professor do Departamento de Bíblia da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), responsável pelas disciplinas Hebraico Bíblico e Grego Bíblico e Doutor na área de Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas pela Universidade de São Paulo (USP).







Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.