terça-feira, 26 de novembro de 2013

84 - Zelota: a vida e a época de Jesus de Nazaré

Acaba de ser lançado um novo livro sobre o Jesus Histórico

Reza Aslan, 41 anos, autor norte americano de origem iraniano, escreveu o livro “Zelota: a vida e a época de Jesus de Nazaré” (tradução de Marlene Suano, Zahar). Dez dias após ser lançado o livro se tornou um best-seller nos EUA. Acredito que uma das razões para o sucesso do livro seja o fato de Reza Aslan ser muçulmano. Já li vários livros sobre investigações entorno do Jesus Histórico, e o resultado é sempre o mesmo, um “Jesus” segundo a imagem e semelhança do autor. Os livros sobre Jesus sempre gera repercussão. No mês de agosto a revista Época publicou um artigo sobre o livro de Aslan escrito pelo repórter Rodrigo Turrer. No artigo Turrer observa que as teses de Aslan reacenderam uma acalorada discussão acadêmica acerca de Jesus. “Há décadas, duas vertentes do estudo de sua vida se digladiam. Uma delas tenta desvendar o Jesus histórico: quem foi Jesus de Nazaré, antes de ele se transformar no Filho de Deus, cultuado pelos cristãos. A outra está mais interessada no Cristo da fé, o Jesus da religião”.  Agora foi à vez da Folha de São Paulo (Domingo, 24 de novembro de 2013, ilustríssima), anunciou a publicação do livro no Brasil através de um belo artigo escrito pelo jornalista Reinaldo José Lopes, que além de comentar o livro de Aslan, também citou outras obras que garantiram polêmica e publicidade no Brasil, por exemplo, as obras do irlandês John Dominic Crossan, e do norte-americano John P. Meier.
Agora nos resta ler o livro para sabermos se realmente merece toda repercussão que esta tendo.
Aslan, mestre em teologia na Universidade Harvard e doutorado em história das religiões na Universidade da Califórnia.


Trecho do artigo publicado na Revista Época (23/08/2013).

Eis a tese defendida por Aslan no livro: Jesus, ao contrário do que prega a Igreja Católica, não foi um pacifista que, diante da violência, “oferecia a outra face” e amava os inimigos. Segundo Aslan, Jesus foi um revolucionário, cujo objetivo principal era expulsar os romanos da Judeia, criar um reino de Deus na Terra e assumir seu trono. Ele recupera com novas cores uma antiga versão de cristianismo – em voga nos anos 1960 graças à Teologia da Libertação, que misturava cristianismo com marxismo. Era um Jesus mais para Che Guevara do que para Madre Teresa de Calcutá. “Ele era um zelote revolucionário, que atravessou a Galileia reunindo um exército de discípulos para fazer chover a ira de Deus sobre os ricos, os fortes e os poderosos”, escreve Aslan no começo de seu livro. Zelote é uma palavra derivada do aramaico. Significa “Alguém que zela pelo nome de Deus”. Outra possível tradução para o termo é fervoroso, ou mesmo fanático. Sua origem está ligada ao movimento político judaico que defendia a rebelião do povo da Judeia contra o Império Romano. Os zelotes pretendiam expulsar os romanos pela força.
Artigo na íntegra: Época


Trecho do artigo publicado na Folha de São Paulo (Domingo, 24 de novembro de 2013, ilustríssima).

O principal objetivo do profeta de Nazaré, fomentar a vinda do "Reino de Deus", equivalia a um programa político (e revolucionário), que envolvia a expulsão dos romanos da Palestina e a recriação da antiga e gloriosa monarquia israelita, com o próprio Jesus no trono, sob as bênçãos de Deus.
Daí o nome do livro: zelota (do grego "zelotes") é como os autores bíblicos denominavam os judeus especialmente zelosos das prerrogativas religiosas do Deus de Israel -uma divindade que, ao menos no Antigo Testamento, era capaz de uma aterrorizante fúria militar contra os inimigos dos israelitas. Mais tarde, o termo seria usado para designar uma seita revolucionária judaica.
"Vamos colocar a coisa da seguinte forma: há aqueles que acham que Jesus era total e absolutamente único, diferente de todos os judeus do seu tempo. E há os que acham que, embora ele fosse extraordinário e inovador, ainda assim seu pensamento tinha muito em comum com o de outros judeus. Eu faço parte desse segundo grupo", explicou Aslan, à Folha, em entrevista por telefone.
"Os demais judeus do século 1º d.C. acreditavam que o Messias era um descendente do rei Davi cujo trabalho seria derrotar os inimigos de Israel e implantar o Reino de Deus na Terra. Acredito que essa era a visão que Jesus tinha sobre si mesmo."
Artigo na íntegra: Folha de São Paulo

David Rubens

            

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

83 - A impossibilidade de reconstituição da História de Israel

Não existe até o momento uma história totalmente segura da formação de Israel. As tradições bíblicas já foram interpretadas das mais variadas forma nos últimos anos, é quase impossível saber quem esta com a razão, isto é, se alguém realmente está com a razão.
O professor de Estudos Bíblicos Norman Karol Gottwald, citou o sociólogo Max Weber e a sua desconfiança em relação a uma História de Israel fiel:


Desde o início, na nossa tentativa de apresentar aspectos evolutivos da história religiosa dos judeus, relevantes para o nosso problema [isto é, como os judeus evoluíram para um povo com peculiaridades altamente específicas], nutrimos apenas a humildes esperanças de contribuir com algo essencialmente novo para a discussão, à parte do fato de que, aqui e ali, é possível agrupar alguns dados de certo modo a realçar algumas coisas de modo diverso do que o usual.[1]

Vale lembra, que tópicos e fontes considerados válidos para a investigação histórica, e mesmo para os seus métodos, modificam-se substancialmente de acordo com o mais vasto contesto intelectual e cultural em que o historiador trabalha.

[1] GOTTWALD, K. Norman. As Tribos de Iahweh: uma sociologia da religião de Israel liberto. São Paulo: Paulus, 2004. p. 32.   
     



Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.