sábado, 14 de março de 2015

204 - Debossan: imigrantes suíços. Minha Família no Brasil


Imigrantes vindos do antigo município de Estavayer le Gibloux, cidade da região de Fribourg, Suíça. Em 1 de janeiro de 2003 a antiga cidade de Estavayer le Gibloux se fundiu a Le Glèbe. 
Em 16 de maio de 1818, o Rei Dom João VI, sentindo a necessidade de estreitar os laços de amizades com os povos germânicos a fim de obter apoio contra o Império Francês, propôs uma colonização planejada, a fim de promover e dilatar a civilização do Reino do Brasil. Baixou, então, um decreto que autorizou o agente do Cantão de Friburgo, na Suíça, Sebastião Nicolau Gachet, a estabelecer uma colônia de cem famílias suíças na Fazenda do Morro Queimado, no Distrito de Cantagalo, localidade de clima e características naturais semelhantes às de seu país de origem. Entre 1819 e 1820, a região foi colonizada por 265 famílias suíças, totalizando 1.458 imigrantes. Foi batizada pelos suíços com o nome de Nova Friburgo, em homenagem à cidade de onde partiu a maioria das famílias, Fribourg (“Friburgo” em português, “Fribourg” em francês, “Freiburg” em alemão, idioma em que foi criado o nome da cidade a partir das palavras “frei” - livre e “burg” - castelo/forte), no Cantão de Fribourg. Foi, também, o primeiro município no Brasil colonizado por alemães, tendo estes imigrantes, ao todo 456, chegado à cidade em 3 de maio de 1824, três meses antes que imigrantes alemães chegassem à cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Nova Friburgo foi a primeira colônia não lusitana a ser fundada no Brasil em caráter oficial.
Nova Friburgo recebeu colonos liderados pelo pastor Friedrich Oswald Sauerbronn.
Debossan hoje é nome de um bairro na cidade de Nova Friburgo.
Fonte: http://www.casasuica.info/pages/familia/pagina1.php



Le Glèbe, Fribourg Suíça



quarta-feira, 11 de março de 2015

203 - JÜRGEN MOLTMANN



JÜRGEN MOLTMANN, PROFETA DA ESPERANÇA

David Rubens


Jürgen Moltmann é um dos últimos grandes teólogos do séc. XX. Tenho estudado sua obra e uma das coisas que tem chamado minha atenção é o processo de conversão que ele viveu como prisioneiro nos campos de concentração da 2ª Guerra Mundial. Decide relatar um pouco daquilo que tenho lido em seus livros.      
Moltmann lutou na 2ª Guerra Mundial, foi capturado pelos ingleses na Bélgica, em 1945, e mantido prisioneiro até 1948.[1]

Em julho de 1943 fui ajudante da Força Aérea numa bateria antiaérea no centro de Hamburgo, e por pouco sobrevivi ao ataque desfechado pela “operação Gomorra” da Royal Air Force. O amigo que estava a meu lado no equipamento de combate foi estraçalhado pela bomba que me poupou. Aquela noite clamei pela primeira vez por Deus: Meu Deus, onde estás? Desde então fui perseguido pela pergunta: Por que não estou morto também? Para que vivo? O que dá sentido a minha vida? É bom viver, porém é duro ser um sobrevivente. É preciso suportar o peso do luto. É provável que minha teologia tenha começado aquela noite... Provavelmente, todos que escaparam consideraram o fato da sobrevivência não apenas uma dádiva, mas também uma incumbência (Moltmann, 2002, p. 10).

Moltmann relata que após escapar da morte em um bombardeio, foi capturado pelos ingleses e se tornou prisioneiro de guerra:

Havíamos escapado da morte, mas éramos prisioneiros de guerra. Estive primeiro no miserável acampamento 2226 em Zedelgem, próximo de Ostende (Holanda), depois no campo de trabalhos 22 em Kilmarnock/Ayrshire; cheguei a Norton Camp somente em julho de 1946 (Moltmann, 2002, p. 10).

Moltmann comenta que o fim da guerra e o verão de 1945 trouxeram um pavor gélido ao acampamento. Naquele período todas as cidades alemãs estavam em ruínas, 12 milhões fugiram da Prúsia Oriental e da Silésia. Inúmeras pessoas estavam diante do nada e não sabiam mais para onde ir.

Moltmann, e esperança perdida:

O alimento de minha alma haviam sido os poemas de Goethe e seu Fausto, que minha irmã me dera. Esses poemas haviam despertado meus sentimentos de jovem, porém agora, preso num pavilhão com outros duzentos, nada mais me diziam, embora os recitasse com frequência. Meu sonho fora estudar matemática e física. Meus heróis eram Einstein e Heisenberg. Naquele lugar, porém, esse sonho se despedaçou: para que tudo isso? (Moltmann, 2002, p. 11).

As noites de insônia:

A noite me assaltavam as recordações torturantes dos tanques que rolaram sobre nós nas cercanias da batalha de Arheim, de modo que eu acordava suando frio, quando surgiam as faces dos companheiros tombados, fitando-me com olhares apagados. Num acampamento onde ficávamos sentados e não havia nada a fazer, estávamos especialmente indefesos diante daquelas lembranças angustiantes (Moltmann, 2002, p. 11).

Em setembro de 1945, os reféns do acampamento 22 na Escócia foram confrontados com fotos de Bergen-Belsen e Auschwitz:

As fotos estavam expostas, sem comentário, num pavilhão. Lenta e implacavelmente, a verdade penetrou em nossa consciência, de modo que nos víamos espelhados nos olhares das vítimas dos nazistas. Era em favor disso que combatêramos? Alguns de nós estávamos tão apavorados que não queríamos mais retornar à Alemanha e permanecermos na Inglaterra. Dentro de mim caiu por terra todo sentimento pela Alemanha como “pátria sagrada” (Moltmann, 2002, p. 12).

Moltmann relata que no campo de trabalho na Escócia, ele recebeu uma bíblia de um bem-intencionado capelão militar: “muitos teriam preferido cigarros. Eu lia sem compreender muito, até que encontrei os salmos de lamentação que me cativou profundamente, Sl 39: A duração de minha vida é quase nada diante de ti... Eram palavras que brotavam de minha alma e a atraíam para Deus” (Moltmann, 2002, p. 13). Moltmann comenta que quando leu o grito de Jesus na cruz, soube com certeza: “está ali o único que me compreende. Comecei a compreender o Cristo atribulado, porque sentia que era compreendido por ele. Recebi o ânimo de viver. Fui tomado de grande esperança” (Moltmann, 2002, p. 13).
Moltmann comenta que nunca tinha tomado uma decisão por Cristo, contudo, ao ler sobre a vida de Jesus, ele diz: “tenho certeza, ele me encontrou no buraco negro de minha alma” (Moltmann, 2002, p. 13).

A experiência de Norton Camp:

Cheguei no acampamento no outono de 1946. Minha conclusão precoce do segundo grau não valia mais nada. Tive de retornar aos bancos da escola. Pelas experiências com a Bíblia tornou-se fácil para mim a decisão entre ser professor e pastor. À noite no acampamento, caminhei muitas vezes ao longo da cerca e olhei para a capela sobre o monte. Eu ainda estava à procura, porém sentia que Deus me atraía e que eu não o procuraria se ele já não me tivesse achado. Na capela nos reuníamos para devoção vespertinas, para encerra o dia com um hino e uma meditação para a restauração da vida. Amávamos muito a capela. Ela exerceu um fascínio extraordinário sobre nós (Moltmann, 2002, p. 14).

Norton Camp, o encontro com a teologia.

Na detenção, eu estava faminto de atividade intelectual. A Associação Cristã de Moços imprimia livros para ajudar os prisioneiros. Ainda hoje possuo alguns livros daquelas doações, as obras de A. Nygren, Eros e ágape, D. Bonhoffer, Discipulado. A primeira obra dogmática que li foi de Reinhold Niebuhr, A natureza e o destino do ser humano, que me impressionou profundamente, apesar de praticamente não ter entendido nada (Moltmann, 2002, p. 15).

O curso de teologia no cativeiro:

Estudei hebraico com Walter Haare e Gerhard Noller; Novo Testamento com Gerhard Friedrich; Teologia Sistemática com Anders Nygren; Ética com SØe, de Copenhague; Werner Milch, mais tarde professor de Marburgo, ensinou história da literatura no século XX. Lembro das pregações impactantes de nossos pastores do acampamento, Rudolf Halver e Wilhelm Burckert. Foram as primeiras pregações que ouvi na minha vida e várias delas eu ainda seria capaz de repetir, especialmente a mensagem de Halver sobre a grande pecadora, de 10 de agosto de 1947. Nunca voltei a ter depois uma vida intelectual tão intensa quanto  no tempo de Norton Camp (Moltmann, 2002, p. 15).

Moltmann comenta que, “no início parecia ser um destino cruel mas, tornou-se para nós uma benção de riqueza imerecida” (Moltmann, 2002, p. 16).
Moltmann foi mantido prisioneiro até 1948. Aos 22 anos de idade voltou para casa para encontrar sua família na cidade natal. Começou seu curso de teologia na Universidade em Göttingen, com professores fortemente influenciados por Barth. A princípio, se tornou um grande fã de Karl Barth. Aliás, uma de suas primeiras publicações foi um estudo acadêmico sobre os primórdios da teologia dialética.[2]
Moltmann recebeu seu doutorado em teologia em 1952 e serviu como pastor de uma pequena igreja Reformada até 1957, quando se tornou professor de teologia numa academia mantida pela Igreja Confessante em Wuppertal. Lá ele teve contato com Wolfhard Pannenberg, que veio a ser seu companheiro na teologia escatológica durante os anos 60. Depois de uma temporada na Universidade de Bonn, Moltmann recebeu uma oferta para o prestigioso cargo de professor de teologia sistemática da Universidade de Tübingen, onde trabalhou até aposentar. 
Moltmann esteve no Brasil três vezes: 1977, 2008 (participando de uma série de atividades na Universidade Metodista de São Paulo, onde recebeu também o título de Doutor Honoris Causa) e 2011.





Estilo de Normalizar Citação De Acordo com as Normas da ABNT para Trabalhos Acadêmicos.

RUBENS, David. JÜRGEN MOLTMANN. http://biblicoteologico.blogspot.com.br/2015/03/jurgen-moltmann.html. Acesso em: _____________. 




Bibliografia

GIBELLINI, Rosino. A Teologia do Século XX. São Paulo: Loyola, 2002.
GRENZ, Stanley; MILLER, L. Teologias Contemporâneas. São Paulo: Vida Nova, 2011.
GRENZ, Stanley e OLSON, Roger. A teologia do século 20; Deus e mundo numa era de transição.o Paulo: Cultura Cristã, 2003.
MOLTMANN, Jürgen. A fonte da vida: o Espírito Santo e a teologia da vida. São Paulo: Loyola, 2002.
__________________. Vida esperança e justiça: um testamento teológico para a América Latina. São Paulo: Editeo, 2008.
__________________. O Espírito da Vida. Petrópolis: Vozes, 1999.
__________________. Teologia da Esperança. 3 Ed. São Paulo, Teológica, 2005.
__________________. No fim, o início: breve tratado sobre a esperança. São Paulo: Loyola, 2008. 206p.
MONDIM, Batista. Os grandes teólogos do século vinte. São Paulo: Teológica, 2003.



[1] Principais livros consultados: GRENZ, Stanley e OLSON, Roger. A teologia do século 20; Deus e mundo numa era de transição.o Paulo: Cultura Cristã, 2003. GIBELLINI, Rosino. A Teologia do Século XX. São Paulo: Loyola, 2002. GRENZ, Stanley; MILLER, L. Teologias Contemporâneas. São Paulo: Vida Nova, 2011. MONDIM, Batista. Os grandes teólogos do século vinte. São Paulo: Teológica, 2003.
[2] GRENZ, Stanley e OLSON, Roger. A teologia do século 20; Deus e mundo numa era de transição.o Paulo: Cultura Cristã, 2003.


Álbum de fotos








Jürgen Moltmann e Wolfhart Pannenberg





domingo, 8 de março de 2015

202 - Henri Bouillard: Tese, "Karl Barth, gênese e evolução da teologia dialética"

Na manhã de 16 de maio de 1956, o jesuíta francês Henri Bouillard, colega e amigo de Henri de Lubac, defendeu sua tese de doutorado na Sorbonne ante uma comissão da qual faziam parte filósofos conhecidos como Henri Gouhier e Jean Wahl. Objeto da tese: a obra de Karl Barth.

A pesquisa foi publicada alguns anos mais tarde (Karl Barth, Gênese e evolução da teologia dialética) e continua sendo uma das interpretações mais agudas, do lado católico, do grande teólogo suíço. Mas, o que por muitos aspectos tornou a jornada singular foi a presença entre o público do próprio Barth. Viera da Basiléia acompanhado por Hans Urs von Balthasar e por Adrienne von Speyr. Numa carta descreveria o evento, notando que o doutorando escrevera um texto elaborado de bem 1200 páginas e que a discussão durara mais de cinco horas, “fadiga que foi depois celebrada num restaurante chinês”. Sublinhava, posteriormente, que pela primeira vez, rompendo um costume centenário, a Sorbona admira para discussão a obra de uma pessoa viva: “Que agora, ao invés, (o autor) estivesse tão vivo a ponto de estar fisicamente presente, conferia a todo o evento uma elevada tensão e simultaneamente uma grande serenidade”.



Estilo de Normalizar Citação De Acordo com as Normas da ABNT para Trabalhos Acadêmicos.

RUBENS, David. Henri Bouillard: Tese, "Karl Barth, gênese e evolução da teologia dialética". http://biblicoteologico.blogspot.com.br/2015/03/henri-bouillard-tese-karl-barth-genese.html.

quinta-feira, 5 de março de 2015

201 - Coleção Bíblica Loyola

         Sob responsabilidade da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, a Coleção Bíblica Loyola publica estudos, comentários e subsídios bíblicos de nível científico internacional produzidos originalmente em diversas línguas. Tornando acessíveis estes estudos, procura incentivar a pesquisa e a discussão em nível científico.



            Os títulos lançados mais recentemente pela Coleção Bíblica Loyola são:

23. As formas literárias do Novo Testamento (K. Berger).
24. Procurais o Jesus histórico? (R. Zuurmond).
25. Sabedoria e sábios em Israel (J. Vílchez Líndez).
26. Mulher e homem em Paulo (N. Baumert).
27. A evolução do pensamento paulino (U. Schnelle).
28. Metodologia do Antigo Testamento (H. Simian-Yofre, org.).
29. A mensagem do Reino (R. Horsley, N. Silberman).
30. Abraão e sua lenda. Gênesis 12,1-25,11 (W. Vogels).
31. Israel e seu Deus (F. Gradl, F. Stendebach).
32. Sacrifício e culto no Israel do Antigo Testamento (Ina Willi-Plein).
33. O Jesus histórico. Um manual (Gerd Theissen, Annete Merz).
34. A Tríade fé, esperança e amor em Paulo (Thomas Söding).
35. A primeira história do Cristianismo (Daniel Marguerat).
36. Introdução ao Antigo Testamento (Erich Zenger et al.).
37. Introdução à leitura do Pentateuco (Jean-Louis Ska).
38. A “fórmula da aliança” (Rolf Rendtorff).
39. As parábolas de Jesus em Marcos e Mateus (Michel Gourgues).
40. A invenção de Cristo (Maurice Sachot).
41. As origens da Bíblia (John Miller).
42. Naquele tempo... Concepções e práticas do tempo (M. Gourgues, M. Talbot).
43. Introdução à exegese do Novo Testamento (U. Schnelle).
44. A encarnação do Filho de Deus (Ulrich Müller).
45. Sinopse dos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e da “Fonte Q” (Johan Konings).
46. Entre os dois Testamentos. História e religião na época do Segundo Templo (J. Maier).
47. As parábolas de Lucas (Michel Gourgues).
48. Religião de visionários. Apocalíptica e misticismo no cristianismo primitivo  (P.A.S. Nogueira).
49. O homem bíblico. Leituras do Primeiro Testamento (A. Wénin).
50. Aquele que manda a chuva na face da terra (C. Dias da Silva).
51. Davi e sua história (W. Vogels).
52. A Bíblia grega dos Setenta. Do judaísmo ao cristianismo antigo (M. Harl, G. Dorival, O. Munnich).
53. O Messias (H.-J. Fabry, K. Scholtissek).
54. Os milagres de Jesus. Perspectivas metodológicas plurais (Rafael Aguirre).
55. A Escritura viva. Interpretações cristãs da Bíbia (Elisabeth Parmentier).
56. Jesus, o galileu (Senén Vidal).
57. Para que contemplem a minha glória (Alberto Casalegno).

David Rubens

terça-feira, 3 de março de 2015

200 - “Conferência Karl Barth 2015”: Presença confirmada de Jürgen Moltmann

Marque em sua agenda!

Jürgen Moltmann está confirmado para falar na “Conferência Karl Barth 2015” de 21 a 24 de junho de 2015, no Seminary Theological Princeton. As inscrições estão abertas. Taxa de inscrição US$ 170 (a partir de 01 de março).


 Princeton Theological Seminary P.O. Box 821, 64 Mercer Street, Princeton, NJ 08542-0803, 609.921.8300 uma instituição da Igreja Presbiteriana (EUA).

David Rubens - Bíblico-Teológico




Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.