sexta-feira, 18 de setembro de 2020

527 - Escrita Cuneiforme persa antigo



Introdução

O rei Dario I (550-486 a.C.) reivindica o crédito pela invenção do antigo cuneiforme persa em uma inscrição em um penhasco em Behistun, no sudoeste do Irã. A inscrição data de 520 a.C., e está em três idiomas - elamita, babilônico e persa antigo. Alguns estudiosos são céticos sobre as afirmações de Dario, outros as levam a sério, embora pensem que Dario provavelmente encarregou seus escribas de criar o alfabeto, em vez de inventá-lo ele mesmo.

 

Características notáveis

Tipo de sistema de escrita: misto (parcialmente alfabético, parcialmente silábico e parcialmente logográfico). O sentido da escrita é variável. Existem cinco logogramas que representam palavras comumente usadas.

 

A língua e a escrita

Persa antigo, a língua usada nas inscrições cuneiformes da dinastia quemênida e o vernáculo da elite quemênida. O persa antigo era falado no sudoeste da Pérsia, uma área conhecida como Persis, e pertence ao ramo iraniano ou à família de línguas indo-arianas.

 

Alfabeto




 

 

Numerais

 




 

Texto de amostra

 


 

Transliteração e tradução

  


526 - Deuteronômio: Apelo à conversão ao Deus oficial do Estado


 

Introdução

A palavra grega Deuteronômio significa “Segunda Lei”, frase retirada do próprio livro em 17.18. O título em hebraico significa “Palavra”. O livro não tem um autor único, ele foi atribuído a Moisés com o único objetivo de dar credibilidade ao texto. A parte mais antiga, do capítulo 12 ao 16, têm sua origem no período tribal de Israel de 1200 a 1000 a.C. O livro se formou aos poucos, o processo de produção, feito por várias mãos, durou quase quatro século, de 750 a 400 a.C. A tradição ganhou um novo formato durante a monarquia no Reino Norte, século VIII a.C., pelo movimento profético em denúncia a dominação e exploração do Estado.

Com a queda de Samaria em 722 a.C., alguns israelitas se refugiaram em Judá, levando consigo suas tradições. O material acabou servindo de base para a reforma do rei Ezequias, 2Rs 18. A tradição foi revista e ampliada pelos escribas do rei, para legitimar a política nacionalista e expansionista do rei Josias, 2Rs 23.2.

Posteriormente, no período do exílio e do pós-exílio, o texto foi mais uma vez editado, recebendo uma introdução, capítulos 1-4; e uma conclusão, capítulos 29-34, com a finalidade de incluir o texto no conjunto de Leis, Pentateuco. O livro ocupou papel preponderante no Reino do Sul, chegando a construir um movimento chamado “Escola Deuteronomista”, que continuou produzindo até o final do exílio Babilônico, sendo os responsáveis por importantes obras: Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis.

 

Israel tribal e o culto a várias divindades  

O núcleo mais antigo do Deuteronômio, período pré-estatal, 1200 a.C., transparece uma organização comunitária: “Abre mão em favor do seu irmão, do seu pobre e do seu necessitado, na terra onde você está”, Dt 15.11.

Com o passar do tempo, uma lei foi estabelecida e partilhada entre os clãs, Dt 22.6-7. Essas leis eram recitadas nos cultos na família e no santuário, onde se manifestava a fé em divindades protetoras. Os primeiros israelitas prestavam culto a várias divindades, cultuadas na sociedade de Canaã:

El: o Deus supremo;

Elohim: o Deus dos pais,

Baal: o deus da chuva;

Aserá: a deusa da fertilidade;

Yahweh: Deus da guerra.

 

Reino Norte e o Santuário do rei: opressão e exploração

Já no período estatal, em 783, Israel passou por um tempo de prosperidade, e para manter o desenvolvimento, a corte estabeleceu uma política de centralização. Um dos meios foi a centralização do culto, das festas e do sacrífico no santuário de Betel, “santuário do rei”, Am 7.13.

Com a centralização do culto no santuário do rei, a religião sofreu mudanças; Yahweh tornou-se o Deus oficial do Estado. As outras divindades, El e Baal, foram condenadas. Nesse período, a maioria da população camponesa sofria com injustiça, violência e exploração pela elite de Samaria.

Com a queda de Samaria em 735, sob o Império Assírio, grande número de pessoas fugiram para Judá, levando consigo as diversas tradições de Israel Norte, por exemplo, Yahweh como o Deus oficial do Estado.

 

Judá e a centralização do poder e da riqueza

Com a destruição do Reino Norte, Judá começou a florescer como Estado, sendo incluído no comércio internacional assírio.

Para aumentar a riqueza e controle, o rei Ezequias fortaleceu o culto a Yahweh, Deus nacional de Judá, destruiu os santuários do interior e centralizou o culto em Jerusalém, Dt 12.5; e perseguiu as outras divindades, Dt 13.6; 2Rs 18.4.

Os escribas do rei, editaram as leis sociais e religiosas para legitimar a reforma de Ezequias. A reforma foi interrompida pela invasão Assíria. Em 620 a.C., a Assíria entrou em crise por causa da guerra contra a Babilônia. O rei Josias, de Judá, aproveitou o momento e retomou as reformas de Ezequias.

Josias fortaleceu o culto oficial do Estado, e perseguiu brutalmente a religiosidade popular dos camponeses, 2Rs 23.24. Destruiu os santuários do interior, os sacerdotes do interior foram mortos ou reduzidos a uma categoria inferior. Tanto a reforma de Josias como a de Ezequias tinham o objetivo político de centralizar o poder e a riqueza em benefício da elite de Jerusalém.

O desastre de Judá ocorreu com Joaquim, 609-597 a.C., e Sedecias, 597-587 a.C., atingidos pela Babilônia, 2Rs 23.36; 25.21. Jerusalém foi destruída, os sobreviventes perguntavam: quem foi o culpado? Yahweh, o Deus nacional abandonou seu povo? Os escribas começaram a organizar as atividades religiosas nas ruínas de Jerusalém, Jr 41.5; convocando o povo ao arrependimento e da obediência à Lei para restabelecer a aliança com Yahweh, Dt 30.15-16.

O surgimento do Império Persa, 538-400 a.C., a elite judaíta retornou do exílio babilônico, os escribas e sacerdotes reassumiram suas funções no templo e Jerusalém tornou-se o centro religioso e administrativo, explorando e oprimindo a população rural que permanecera na Palestina durante o exílio, Is 56.10; 58.1-7.

 

Templo e manutenção da elite de Jerusalém

A única forma de participar da sociedade e do templo era fazer sacrifícios, que incluía a entrega de ofertas. Dessa forma, o templo e a Lei tornaram-se os principais mecanismos de arrecadação de tributos e manutenção da teocracia de Jerusalém, que repassava uma parte da arrecadação ao Império Persa.

 

Conclusão

O conjunto da obra deuteronomista quer ser um apelo à conversão ao Deus oficial do Estado. A versão final do Deuteronômio, a serviço do templo, exalta a Lei, o sacrifício e a segregação através da política de puro e impuro.

 

Referência

NAKANOSE, Shigeyuki; MARQUES, Maria Antônia. A Lei a favor da vida? Entendo o livro do Deuteronômio. São Paulo: Vida Pastoral, ano 61 – Número 335, 2020.

Link para o texto completo em pdf de Nakanose e Maria Antônia: https://405ebfd9-4e56-42ff-8afc-6d275aee974c.filesusr.com/ugd/a34265_2c6fd3f18bdd472ca2262703b42365f4.pdf  

RÖMER, Thomas. A chamada história deuteronomista: introdução sociológica, histórica e literária. Petrópolis: Vozes, 2008.

BORTOLINO, José. Pentateuco e História Deuteronomista. Aparecida: Santuário, 2018.

ILDO, Bohn Gass. Uma introdução à Bíblia: Formação do Povo de Israel. São Paulo: Paulus; Cebi, 2002.

 

 


Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.