Jesus anunciou sua morte
com muita insistência. Jesus não anunciou sua morte como um acidente ou uma
desgraça, como uma fatalidade ou uma consequência inevitável da sua atuação. De
certo modo, ele podia ter evitado o conflito com as autoridades. Podia não ter
ido a Jerusalém na hora do maior perigo. Seria muito fácil buscar refúgio numa
região vizinha, ou simplesmente na Galileia, até acalmar a tempestade. Tudo sucedeu
como se, uma vez consciente do seu destino, Jesus tivesse resolvido precipitar
o desfecho final. Foi a Jerusalém literalmente para se entregar. Os discípulos
sabiam, Jo 2.7-8, e procuraram evitar o perigo. Foi inútil.
Aprendi com José Comblin
que Jesus anteviu a sua morte como uma parte, como a parte principal da sua
missão. Uma vez plantada a semente, para que esperar mais? Como o dizia a
Judas: “O que pretendes fazer, faze-o logo”, Jo 13.27.
As narrações da morte
de Jesus foram produzidas no contexto das reuniões nas quais os discípulos
evocavam a memória de Jesus como ele mesmo o tinha ordenado. Os próprios
apóstolos confessavam que fugiram. Portanto, não houve testemunhas dignas de
confiança assistindo aos acontecimentos. A narração foi uma dramatização criada pelas comunidades.
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