terça-feira, 1 de julho de 2025

585 - O Código Devorado. Silas Klein Cardoso.



 

Falando a diversas disciplinas nas humanidades e valendo-se de uma variada gama de campos teóricos (como antropologia, semiótica, teoria de mídia e comunicologia), o livro de Silas Klein Cardoso é uma importante contribuição que oferece a pesquisadores(as) um alimento abundante para a autorreflexão crítica sobre as premissas de suas práticas exegéticas. Os termos “exegese iconográfica” ou “abordagens interartísticas” descrevem um compromisso acadêmico de correlacionar textos, imagens e artefatos arqueológicos para melhor compreender, por um lado, a(s) religião(ões) da antiga Palestina e Israel, e, por outro, a Bíblia Hebraica. Seguindo os caminhos que levaram a prática de seu contexto original suíço e católico para a atual diversificação, Klein Cardoso exibe um panorama amplo e dinâmico de filiações, gerações, locais e redes acadêmicas. No entanto, ele não se limita ao exercício historiográfico, mas questiona pressuposições básicas da erudição bíblica como praticada no Norte Global. Confrontando o provincianismo de uma epistemologia muitas vezes autocentrada, Klein Cardoso sugere corajosamente uma alternativa que só poderia ser concebida a partir do Sul Global, uma vez que se inspira no movimento brasileiro da antropofagia. Eu recomendo calorosamente este livro intelectualmente desafiador, um produto tanto da globalização, quanto da emancipação decolonial.

Christoph Uehlinger

Universidade de Zurique

 

Este livro reúne os resultados de um projeto de pesquisa internacional de vários anos e baseia-se na tese de livre-docência do autor, que obteve a nota máxima na Faculdade de Teologia de Berna (Suíça) em 2024. O autor explora uma área dos estudos bíblicos criada pelo trabalho de Othmar Keel e tem sido desenvolvido por ele e por um crescente círculo internacional de investigadores(as) até os dias de hoje. Klein Cardoso traça o desenvolvimento desse campo e dedica-se de forma detalhada, crítica e comprometida às suas diversas condições de origem e contextos, sobretudo a partir de sua perspectiva brasileira sobre a pesquisa europeia. O livro oferece erudição do mais alto nível e um entusiasmo intelectual cujos ecos são ansiosamente esperados.

Silvia Schroer

Universidade de Berna

 

Autoria: Silas Klein Cardoso




Editora Recriar

Formato: 16 x 23 cm

Data da Publicação: 2025

Páginas: 418

Edição: 1ª Edição

 


584 - William Barclay (1907-1978), teólogo escocês.

 


Barclay lecionou na Universidade de Glasgow por 28 anos. Ficou conhecido na Grã-Bretanha por suas transmissões de rádio e televisão, no entanto, seu legado mais significativo é sua produção escrita.

Barclay se descreveu como um evangélico liberal. Seu pensamento seguia a linha do modernismo teológico. Não acreditava no nascimento virginal de Jesus, para ele, esse ensinamento não pode ser interpretado no sentido literal e físico. Barclay assumiu a mesma posição em relação aos relatos de milagres na Bíblia. Defendia que muitos dos milagres de Jesus tinham explicações naturais. Nesse sentido, argumentou que Jesus não multiplicou literalmente os pães e os peixes. Jesus apenas motivou o povo reunido a compartilhar sua comida uns com os outros.

Ele ensinou que Cristo não andou de fato sobre o Mar da Galileia. Apenas, do ponto de vista dos discípulos, parecia que ele o fez enquanto caminhava nas águas rasas perto da praia.

Embora o estudioso tenha racionalizado muitos dos milagres de Jesus, ele vigorosamente argumentou que não há outra maneira de explicar o sucesso explosivo do cristianismo a não ser pelo fato de que tal foi o resultado da ressurreição de Cristo do túmulo.

Sobre o sentido da morte de Jesus na cruz, Barclay negou o ensino da natureza substitutiva da morte de Jesus. Ou seja, era contra a ideia de que Cristo tivesse que morrer para expiar os pecados da humanidade. O verdadeiro poder da morte de Jesus estava em seu exemplo benevolente e altruísta.

Barclay negou a existência do tormento eterno. A punição do inferno “não deve ser tomada literalmente”. Para ele ninguém pode se afastar do amor e do cuidado de Deus.

Sobre a composição dos evangelhos, ele sustentou que Mateus, Marcos, Lucas e João eram os verdadeiros autores dos livros que levam seus nomes.

Sobre a relevância de William Barclay, resta dizer que ele foi um renegado teólogo, e que seus escritos são valiosos. Foi um importante professor de grego helenístico, conhecia perfeitamente Aristóteles, Tucídides e Heródoto. Explorava o uso de termos no Novo Testamento e analisava a interpretação dos “pais da igreja”. Seus estudos linguísticos são modelos de metodologia de pesquisa em diversos lugares.



Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.