A leitura da Bíblia
praticada nas Igrejas continua seguindo o modelo dos Padres da Igreja, que
foram os intelectuais cristãos do primeiro milênio. É um modelo que dispensa
investigação histórica e literária dos textos. Na Idade Média, não encontrou
contestação e só começou a ser questionado a partir da Renascença (século XVI),
com estudiosos como Erasmo, por exemplo, que passou a estudar as línguas
originais da Bíblia e sua contextualização. Essa nova leitura causou pânico
entre os comentaristas tradicionais e, com o tempo, instalou-se um clima de
suspeita e discriminação mútua entre eclesiásticos (“tradicionalistas”) e
modernos (“descrentes”). Efetivamente, se não há como desconsiderar o valor
pedagógico da leitura ortodoxa (e descontextualizada) da Bíblia, demonstrado ao
longo dos séculos, fica claro que uma leitura contextualizada dos textos pode
abrir caminho para uma fé mais consistente. Alguém que se declara “sem
religião”, toma distância de Jesus Cristo, sem abandonar o seguimento de Jesus
de Nazaré, é cristão ou não? É com essa pergunta em mente que escrevi este
livro.
Eduardo
Hoornaert. Padre casado, belga, com mais de 5O anos de Brasil,
historiador e teólogo, mais de 20 livros publicados. Mora em Salvador.
Dedica-se agora ao estudo das origens do cristianismo.
p. 216
13,5X21
Paulus
2016
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