Há sistemas teológicos
que não pretendem apenas estar livres de contradições internas, mas também
ficar livres de interpelação externa. A teologia transforma-se, para eles, numa
estratégia de auto-imunização. Tais sistemas são como fortalezas em que não se
consegue penetrar, mas das quais tampouco se consegue escapar e que, por isso,
são derrotadas à míngua pelo desinteresse público. Não alimento o desejo de
viver numa fortaleza dessas, e, mesmo sendo barthiano, igualmente resisti à
tentação de encarar a Dogmática eclesial de Karl Barth como uma fortaleza desse
tipo. Ela não o é, mesmo que alguns barthianos deixem Karl Barth pensar por
eles para se sentirem seguros, e outros o declarem como “neo-ortodoxo para não
terem de lê-lo e se ocupar com ele. Minha imagem da teologia não é “Castelo
forte é nosso Deus...”, mas o êxodo do povo de Deus no seu caminho para a terra
prometida da liberdade, onde habita Deus. Para mim, a teologia não é uma
dogmática intra-eclesial ou pós-moderna apenas para a própria comunidade de fé.
Ela tampouco é, para mim, a ciência cultural da religião civil da sociedade
burguesa. A teologia surge da paixão pelo Reino de Deus e sua justiça e está
paixão surge da comunhão com Cristo.
MOLTMANN,
Jürgen. Experiência de reflexão
teológica: caminhos e formas da teologia cristã. Vale do Rio dos Sinos, RS:
Unisinos, 2004. p. 12.
David Rubens
Nenhum comentário:
Postar um comentário