Alguns opinaram
criticamente que penso saber mais de Deus e do seu futuro do que humanamente se
poderia saber. Recomendam-me guardar mais silêncio diante do mistério
insondável, indizível e formular mais teologia negativa ao “dar pela falta de
Deus” (J. B. Metz). Sou suficientemente místico para compreender o que eles
estão querendo dizer. Todavia, justamente porque o mistério revelado do nome de
Deus é insondável, nem se pode pretender saber o suficiente sobre ele. O
Espírito investiga também as dimensões profundas da divindade.
Outros criticaram ironicamente
o uso que faço da Bíblia como sendo um uso à
la carte, embora ele não se diferencie em princípio do de Karl Barth ou do
de Basílio Magno, a não ser quanto à limitação do meu conhecimento da Bíblia.
Na Teologia da esperança (1964), ainda pude lançar mão das exegeses vétero e
neotestamentárias de Gerhard von Rad e Ernst Kásemann, que eu conhecia bem. No
entanto, em algum momento dos anos 1970, a discussão exegética e mais ainda a
discussão hermenêutica tomaram dimensões impossíveis de serem abrangidas. Senti
que elas haviam se tornado antes um empecilho para ouvir os textos bíblicos. Na
Alemanha, a exegese histórica e a teológica tomaram rumos separados.
MOLTMANN,
Jürgen. Experiência de reflexão
teológica: caminhos e formas da teologia cristã. Vale do Rio dos Sinos, RS:
Unisinos, 2004. p. 13.
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