domingo, 26 de fevereiro de 2017

372 - Jürgen Moltmann: “Na Teologia da Esperança, usei as exegeses de Gerhard von Rad e Ernst Käsemann, que eu conhecia bem”.


Alguns opinaram criticamente que penso saber mais de Deus e do seu futuro do que humanamente se poderia saber. Recomendam-me guardar mais silêncio diante do mistério insondável, indizível e formular mais teologia negativa ao “dar pela falta de Deus” (J. B. Metz). Sou suficientemente místico para compreender o que eles estão querendo dizer. Todavia, justamente porque o mistério revelado do nome de Deus é insondável, nem se pode pretender saber o suficiente sobre ele. O Espírito investiga também as dimensões profundas da divindade.
Outros criticaram ironicamente o uso que faço da Bíblia como sendo um uso à la carte, embora ele não se diferencie em princípio do de Karl Barth ou do de Basílio Magno, a não ser quanto à limitação do meu conhecimento da Bíblia. Na Teologia da esperança (1964), ainda pude lançar mão das exegeses vétero e neotestamentárias de Gerhard von Rad e Ernst Kásemann, que eu conhecia bem. No entanto, em algum momento dos anos 1970, a discussão exegética e mais ainda a discussão hermenêutica tomaram dimensões impossíveis de serem abrangidas. Senti que elas haviam se tornado antes um empecilho para ouvir os textos bíblicos. Na Alemanha, a exegese histórica e a teológica tomaram rumos separados.


MOLTMANN, Jürgen. Experiência de reflexão teológica: caminhos e formas da teologia cristã. Vale do Rio dos Sinos, RS: Unisinos, 2004. p. 13.

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Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.