sábado, 9 de maio de 2020

509 - Mesopotâmia e as Primeiras Civilizações. David Rubens de Souza.



A Mesopotâmia pertencia a uma região localizada no Oriente Médio (predominantemente no atual Iraque) entre dois importantes rios: Tigre e Eufrates. Suas condições naturais, principalmente por causa da fertilidade do solo, permitiram que pequenas aldeias fossem formadas em seu território.
A palavra “Mesopotâmia” tem origem no idioma grego e significa “terra entre rios” em uma menção direta à importância dos rios para aquela região.
Diversos povos habitaram a Mesopotâmia durante a Antiguidade, entre eles, destacam-se os sumérios, amoritas, assírios e caldeus.
Os primeiros povos que se estabeleceram na região de maneira sedentária foram os sumérios. As primeiras cidades da Mesopotâmia foram fundadas por eles e acredita-se que os sumérios tenham chegado ao local por volta de 5000 a.C. Algumas das importantes cidades construídas pelos sumérios foram Ur, Uruk e Nipur. As cidades sumérias eram consideradas cidades-estado, ou seja, possuíam organização independente uma das outras.
Por volta de 3000 a.C. surge a primeira forma de escrever - a escrita cuneiforme - a qual tem origem na antiga Mesopotâmia com os sumérios.

A escrita cuneiforme é uma forma de escrita pictográfica (representação por desenhos), que caracteriza o tipo de escrita feita com objetos em formato de cunha, por isso ser assim chamada. Era representada por cerca de 2000 símbolos, escritos da direita para a esquerda.
Durante três mil anos a escrita cuneiforme foi utilizada por cerca de quinze diferentes línguas, incluindo o sumério, o sírio e o persa e enquanto ela se expandia pelo Oriente Médio, outras formas de escrita eram desenvolvidas no Egito e na China.
Ishtar

Os sumérios eram politeístas, ou seja, acreditavam na existência de vários deuses. Era grande o culto especialmente à Ishtar - a deusa da fertilidade -, a qual representa as forças da natureza e cujo símbolo é uma estrela de cinco pontas.
O domínio dos sumérios na Mesopotâmia encerrou-se com a chegada dos acádios, que conquistaram as cidades da região e fundaram o Império Acádio sob o rei Sargão I.
Naram-Sin

Estela do rei Naram-Sin, filho de Sargão, reinou de 2255 a.C. a 2218 a.C. Depois de Naram-Sin, o poder da Acádia decaiu.
O império dos acádios foi substituído pelos amoritas como povo predominante na Mesopotâmia.
Os amoritas, também conhecidos como babilônios, instalaram-se na região por volta de 2000 a.C., ocuparam a cidade da Babilônia e transformaram-na em um grande centro urbano e comercial da Mesopotâmia.
O estabelecimento amorita na Babilônia levou à formação do Primeiro Império Babilônico. Os amoritas sofreram forte influência dos sumérios e tiveram como rei mais importante Hamurábi (sexto rei sumério, considerado fundador do I Império Babilônico). Hamurábi foi responsável pelo desenvolvimento de um código agrupando antigas leis mesopotâmicas que ficou conhecido Código de Hamurábi, criado por volta de 1780 a.C.
Esse código também conhecido como Lei de Talião, tem como lema “olho por olho, dente por dente”, aquele que cometesse um delito tinha como pena uma punição proporcional ao dano que havia causado.

O Código de Hamurabi foi talhado numa grande rocha de diorito de 2,25 metros de altura, 1,60 metros de circunferência na parte superior e 1,90 metros na base. Foi formado por 282 leis da antiga Babilônia dispostas em 46 colunas com cerca de 3600 linhas em escrita cuneiforme acádia.
A estela foi encontrada por arqueólogos franceses no início do século XX, na cidade de Susa, Irã, e traduzido para diversas línguas. Atualmente, o original está no Museu do Louvre, em Paris.
O reino dos amoritas enfraqueceu-se depois da morte de Hamurábi e foi sucedido, pelos assírios. Os assírios formaram uma sociedade extremamente militarizada a partir do final do segundo milênio a.C. e iniciaram um processo de expansão e conquista a Mesopotâmia por volta de 1200 a.C. Eles conquistaram toda a Mesopotâmia, além da Palestina, do Egito e parte da Pérsia.
Os assírios eram guerreiros temíveis, utilizavam técnicas violentas em combates. Os povos conquistados, além de serem governados de maneira tirânica, eram obrigados a pagar pesados tributos.
Imagem assíria feita em pedra retratando o rei Assurbanípal II.

O rei mais importante dos assírios foi Assurbanipal, que ficou conhecido por ser um apreciador da erudição e por mandar construir a Biblioteca de Nínive (principal cidade da Assíria). Essa biblioteca reunia milhares de textos em escrita cuneiforme sobre diversos assuntos, e grande parte do que se conhece sobre a Mesopotâmia hoje é por causa da Biblioteca de Nínive.
Lamassu; Escultura em Calcário; Ninrud, perto de Mossul (atual Iraque).

O enfraquecimento dos assírios permitiu aos caldeus conquistar a Mesopotâmia e fundar o Segundo Império Babilônico em 612 a.C. O império formado por esse povo foi breve e teve com o principal rei Nabucodonosor, responsável por reconquistar a Palestina e toda a Mesopotâmia.
Nabucodonosor

O império dos caldeus foi o último desenvolvido por um povo mesopotâmico. Seu domínio foi enfraquecido após a morte de Nabucodonosor e, por isso, eles foram conquistados pelos persas, liderados por Ciro II em 539 a.C. Os persas eram um povo originário da Pérsia, região do atual Irã.
O Cilindro de Ciro é um cilindro de barro que, claro registra um importante decreto de Ciro II. Primeira Declaração dos Direitos Humanos, contêm uma declaração do rei persa (antigo Irã) Ciro II depois de sua conquista da Babilônia em 539 AC. Foi descoberto em 1879 e a ONU o traduziu em 1971 a todos seus idiomas oficiais.
Mesmo tendo amplo domínio do território mesopotâmico, os persas queriam conquistar a Grécia por completo. Dário I tentou uma investida contra os gregos, mas foi derrotado em Atenas. Paralelamente, inúmeras guerras civis foram surgindo nas províncias dominadas, contribuindo para o declínio de civilização persa.
Depois de Dário I, Xerxes I e seu filho Artaxerxes tentaram conquistar novamente a Grécia, mas foram impedidos. Em 332 a.C. Alexandre, o Grande, imperador da Macedônia que já havia tomado a Grécia, aproveitou o momento de fraqueza dos inimigos persas e empreendeu uma grande batalha para dominar todo o território outrora conquistado por eles, suscitando no fim da hegemonia persa no Oriente Médio.
Os persas acreditavam em vários deuses, mas com o tempo o Zoroastrismo prevaleceria. O zoroastrismo era uma religião dualista, pois via a representação do bem em Ormuz e a representação do mal em Arimã. Para eles, quando os dois deuses se enfrentarem haverá um Juízo Final, onde todos os homens serão julgados por seus atos.

Referência:

LÉVÊQUE, Pierre. As Primeiras Civilizações: da Idade da Pedra aos Povos Semitas. Portugal: Edições 70, 2009. 

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Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.