A literatura é um
processo de transformações alquímicas. O escritor transforma – ou, se preferem
uma palavra em desuso, utilizada pelos teólogos antigos, “transubstancia” – sua
carne e seu sangue em palavras e diz seus leitores:
“Leiam! Comam! Bebam!
Está é minha carne, este é meu sangue!”
A experiência literária é
um ritual antropofágico. A antropofagia não é gastronomia, é magia.
Come-se o corpo de um
morto para se apropriar de suas virtudes. Não é esse o propósito da Eucaristia,
o ritual antropofágico supremo?
Come-se e bebe-se a carne
e o sangue de Cristo para se faze semelhante a ele.
Eu mesmo sou o que sou
pelos escritores que devorei...
Rubem Alves
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