quinta-feira, 30 de setembro de 2010

03 - Apontamentos no Livro do Profeta Isaías


por

David Rubens



No livro de Isaías constam expressões dos mais variados momentos e situações da profecia bíblica. Além de riquíssimo conteúdo, o livro de Isaías desempenha grande influência nos tempos posteriores.

Composição do livro:

Entre os manuscritos de Qumran foi encontrado o livro de Isaías em toda a sua extensão. Foi um acontecimento surpreendente; pois o livro é grande e a maioria dos outros achados era parte de livros ou pequenos fragmentos. Essa descoberta indicou que na época de Jesus o livro de Isaías era conhecido e utilizado na extensão e com o conteúdo que também conhecemos.
O livro de Isaías é expressão da vida e das esperanças do povo, num período bastante extenso, e que foi feito por muitas mãos, de épocas e lugares diferentes.
Os primeiros capítulos falam inúmeras vezes de Judá e de seus reis do século VIII: Acaz, Ezequias. É o tempo de Oséias e Miquéias, um pouco depois de Amós, quando Judá era um Estado independente. Foi nessa época que viveu o profeta Isaías.
Mas em Isaías 14.5-21 o texto nos leva para Babilônia e crítica a arrogância do rei opressor. Esse conteúdo faz pensar na época da deportação para a Babilônia. E isso aconteceu no século VI, quase dois séculos depois do ministério do profeta Isaías. No final do capitulo 44 e no inicio do seguinte lemos o nome do rei da Pérsia, Ciro. Foi esse rei que tornou possível o fim da deportação e a volta para a terra de Judá, em 538. E o fim do livro revela estarmos diante de Jerusalém a ser recuperada e reconstruída.

Divisão do livro:

1 a 39 = Isaías - construído a partir do ministério do profeta histórico do final do século VIII a.C.
Em suas palavras prevalecem uma forte crítica à falta de direito e justiça (1.21-26; 5.8-24; 10.1-4). Seus adversários seriam basicamente a elite governante citadina, na figura de conselheiros, sábios, funcionários da corte. A arrogância destas pessoas e sua participação efetiva no sistema de exploração da base camponesa das aldeias e cidades do interior são motivo das criticas.
O profeta, em sua mensagem, anuncia um castigo divino. Este pode ser tanto um julgamento de purificação (Is 1.21-26) quanto uma invasão do exército assírio (910.5).
O objetivo da atuação é restabelecer um estado de direito e justiça (1.260.

40 a 55 = Dêutero-Isaías - fruto da experiência dos judeus que foram deportados para a Babilônia antes que aparecesse o rei Ciro e a possibilidade de retorno à terra de Judá, século VI a.C.
O material deste bloco fala-se da consolação ao Israel deportado, da compaixão de Yahweh e também se expressam críticas não mais sociais, mas religiosas; o que está em discussão é o afastamento de setores dos deportados pelos “outros deuses”. Yahweh é celebrado como o único, fora do qual não há outro deus (44.6; 45.21).

56 a 66 = Trito-Isaías - seriam mais bem compreendidos à luz do processo de reconstrução de Jerusalém após a volta do exílio, século V a.C.
A moldura literária externa do bloco destaca os temas do retorno da comunidade exilada (56.1-7). No centro do bloco está o capitulo 66 com os temas fortes da libertação.
A mensagem é que nesta fase de reorganização da vida do povo na província persa de Judá, uma vida eticamente regrada deve ser fio condutor nas relações sociais.

Processo semelhante a esse que notamos no livro de Isaías vamos encontrar também em outros livros, de maneira mais evidente em Miquéias e Zacarias. Os livros proféticos, quase na sua totalidade, são fruto de diversos contextos históricos.


Bibliografia:

GUNNEWEG, Antonius H. J. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo. Teológica: 2005.
REIMER, Haroldo. Tradição de Isaías, A. Estudos Bíblicos. Petrópolis. Vozes: 2006. n. 89.
VASCONCELLOS, Pedro Lima. História da Palavra, A. São Paulo. Paulinas: 2003. P. 101.



Estilo de Normalizar Citação De Acordo com as Normas da ABNT para Trabalhos Acadêmicos.
RUBENS, David. Apontamentos no Livro do Profeta Isaías. http://biblicoteologico.blogspot.com.br/. Acesso em: _____________.

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Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.