segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

13 - Ressurreição de Jesus: RUDOLF BULTMANN, KARL BARTH, WOLFHART PANNENBERG

Resumo:

A ressurreição é uma das áreas mais amplamente discutidas da teologia cristã moderna. Isso reflete o fato de que a questão importante da relação entre fé e a História se concentrar, com freqüência, no tema da ressurreição de cristo. A seguir, apresentaremos um esboço das principais posições que se desenvolveram durante o período moderno numa tentativa de avaliar sua relevância.






RUDOLF BULTMANN: A RESSURREIÇÃO COMO UM ACONTECIMENTO NA EXPERIÊNCIA DOS DISCÍPULOS

Bultmann conserva a convicção de que nesta era científica é impossível crer em milagres. Em decorrência disso, a crença na ressurreição objetiva de Jesus não é mais possível; contudo, pode se mostrar possível entendê-la de outra maneira. De acordo com Bultmann, a história é “um continuo fechado de efeitos no qual acontecimentos individuais são ligados pela sucessão de causa e efeito”. A ressurreição, como outros milagres, interromperia, portanto, o sistema fechado da natureza.
A crença ma ressurreição de Jesus, ainda que perfeitamente legítima e compreensível no primeiro século, não pode ser levada a sério nos dias de hoje. “É impossível usar luz elétrica e equipamentos de rádio e, num caso de enfermidade, buscar ajuda da medicina moderna e das descobertas clínicas e, ao mesmo tempo, crer no mundo de espíritos e milagres do Novo Testamento.” A compreensão humana do mundo e da existência humana mudou radicalmente desde o primeiro século; em decorrência disso, para a humanidade moderna, a cosmovisão mitológica do Novo Testamento é incompreensível e inaceitável. A cosmovisão de uma pessoa é formada de acordo com a era em que vive e não pode ser alterada.
A ressurreição é algo que aconteceu na experiência subjetiva dos discípulos, e não algo que ocorreu no âmbito público da História. Para Bultmann, Jesus foi, de fato, ressurreto - foi ressurreto na forma de Kerigma. A pregação de Jesus foi transformada numa proclamação cristã de Cristo. Jesus se tornou um elemento da pregação cristã; foi ressurreto e assimilado na proclamação do evangelho.





KARL BARTH: A RESSURREIÇÃO COMO ACONTECIMENTO HISTÓRICO ALÉM DA INVESTIGAÇÃO CRÍTICA.

Em seus primeiros escritos, Barth argumentou que o túmulo vazio era de importância mínima para a ressurreição. No entanto, se espantou cada vez mais com a abordagem existencial de Bultmann que parecia sugerir que a ressurreição não tinha nenhuma base histórica objetiva. Por esse motivo, Barth passou a enfatizar com veemência os relatos dos evangelhos acerca do túmulo vazio. O túmulo vazio é “um sinal indispensável” que “evita todos os possíveis mal-entendidos”. Demonstra que a ressurreição de Cristo não foi um acontecimento puramente íntimo, interno ou subjetivo, mas algo que deixou uma marca na História.
Isso parece sugerir que Barth considera a ressurreição um acontecimento aberto a investigação histórica, a fim de esclarecer sua natureza e confirmar seu lugar na história geral do mundo, e não uma experiência interna particular dos primeiros cristãos. Entretanto, não é o caso. Ele recusa firmemente permitir que as narrativas dos evangelhos sejam submetidas ao escrutínio histórico-crítico.
Barth enfatiza que Paulo e os outros apóstolos não estão pedindo a “aceitação de um relato histórico perfeitamente atestado”, mas sim “uma decisão de fé”.
A investigação histórica não pode legitimar ou prover segurança para essa fé; assim como a fé não pode se tornar dependente dos resultados provisórios da investigação histórica. A fé é uma resposta ao Cristo ressurreto, e não ao túmulo vazio. O túmulo vazio não tem nenhum valor na fundamentação da fé no Cristo ressurreto.






WOLFHART PANNENBERG: A RESSURREIÇÃO COMO UM ACONTECIMENTO HISTÓRICO ABERTO À INVESTIGAÇÃO CRÍTICA


Para Pannenberg a História, em sua totalidade, só pode ser entendida quando é vista de seu ponto final. O fim da História, que ainda não ocorreu, foi revelado de antemão na pessoa e obra de Cristo.
Enquanto Rudolf Bultmann escolheu demitologizar os elementos apocalípticos do Novo Testamento, Pannenberg os considera a grade ou estrutura hermenêutica pela qual a vida, morte e ressurreição de Cristo podem ser interpretadas.
Pannenberg insiste na ressurreição de Jesus como um acontecimento histórico objetivo, testemunhado por todos que tiveram acesso às evidências. Enquanto Bultmann tratou a ressurreição como um acontecimento dentro do mundo experimental dos discípulos, Pannenberg declara que ele pertence ao mundo da história pública universal.
Pannenberg, historiador extremamente competente, diz que se o historiador se propõe a investigar o NT convicto de que “pessoas mortas não ressuscitam”, essa conclusão será apenas projetada no conteúdo neotestamentário. A avaliação “Jesus não ressuscitou dentre os mortos” será a pressuposição, e não a conclusão dessa investigação. Pannenberg pede uma abordagem neutra à ressurreição. As evidencias históricas que apontam para a ressurreição de Jesus devem ser investigadas sem nenhuma pressuposição dogmática de que essa ressurreição não poderia ter acontecido. Pannenberg afirma que a ressurreição de Jesus prenuncia a ressurreição geral do fim dos tempos e traz para a História tanto essa ressurreição quanto a revelação plena e final de Deus. A ressurreição estabelece a identidade de Jesus com Deus, permitindo que essa identidade com Deus seja vista em seu ministério pré-páscoa. Serve, por isso, de base para uma série de declarações cristológicas, incluindo a divindade de Cristo e sua encarnação.




Recensões:

SERAFIN, Béjar. Dios en Jesús: ensayo de cristología. Madrid: San pablo, 2008.

Este livro reflete sobre a cristologia conjunta do binômio Deus e Jesus, comparando as diferentes visões que temos de Deus com o retrato que emerge de olhar para o Filho do Pai. O verdadeiro rosto de Deus pode ser conhecido em Jesus de Nazaré, enquanto a profunda consciência do presente século judeu esgotado apenas se relacionar com Deus, que viveu e que serviu ao longo da existência terrena. Deus em Jesus e Jesus em Deus é o ponto de vista formal que ajuda o leitor ao longo dos vários capítulos, para evangelizar as suas imagens de Deus, conscientes de que a comunidade cristã deve ser definida de forma permanente a uma alternativa: para servir o Deus vivo adivinhado o verdadeiro rosto de Jesus, ou usar um Deus feito à imagem dos nossos desejos e projetos, um Deus humano, demasiado humano.

Serafin Bejar é formado na Pontifícia Universidade Gregoriana. É professor de Cristologia e Antropologia Teológica História Contemporânea na Faculdade de Teologia de Granada. É o autor de um estudo sobre a teologia de Bruno Forte e o Cardedal Gonzalez, bem como inúmeros artigos sobre pós-modernismo.







BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Teológica, 2004.
BARTH, Karl. Esboço de uma Dogmática. São Paulo: Fonte Editorial, 2006.
DUMAS, André; BOSC, Jean; CARREZ, Maurice. Novas Fronteiras da Teologia. São Paulo: Duas Cidades, 1969.
PANNENBERG, Wolfhart. Teologia Sistemática, Vl 1. São Paulo: Academia Cristã; Paulus, 2009.
PANNENBERG, Wolfhart. Pergunta sobre Deus, A. São Paulo: Fonte Editorial, 2002.
POLMAN, A. D. R. Barth: Pensadores Modernos. Recife: Cruzada de Literatura Evangélica do Brasil, 1969.

Estilo de Normalizar Citação De Acordo com as Normas da ABNT para Trabalhos Acadêmicos.
RUBENS, David. Ressurreição de Jesus: RUDOLF BULTMANN, KARL BARTH, WOLFHART PANNENBERG. http://biblicoteologico.blogspot.com.br/. Acesso em: _____________.


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Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.