O sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman, criador do conceito de
modernidade líquida e considerado um dos principais intelectuais do século XX,
morreu nesta segunda-feira (9 de janeiro de 2017) em Leeds, na Inglaterra, aos
91 anos, informou o jornal “Gazeta Wybocza”. A causa da morte não foi
divulgada.
Em seus livros como “Amor líquido” (2003), Bauman discutiu como as
relações da sociedade tendem a ser menos frequentes e duradouras. Esse conceito
da “modernidade líquida”, para ele, valia para campos tão distintos como arte, relacionamentos,
economia e política, por exemplo.
Ele trabalhava como sociólogo e professor emérito de sociologia na
Universidade de Leeds havia mais de 30 anos. Sua obra se caracterizou por uma
visão crítica da sociedade pós-moderna e globalizada.
Ao longo de sua carreira como escritor, que iniciou na década de 1950,
Bauman desenvolveu uma sociologia crítica e emancipadora. Abordou temas como as
classes sociais, o socialismo, o Holocausto, a hermenêutica, a modernidade e a
pós-modernidade, o consumismo e a globalização.
Dentre suas obras já publicadas no Brasil, destacam-se:
Entre outros prêmios e reconhecimentos, Bauman foi agraciado com o
Prêmio Amalfi de Sociologia e Ciências Sociais (1992), o Theodor W. Adorno
(1998) e o Príncipe de Astúrias de Comunicação (2010).
Em seu livro mais recente, “Obcym u naszych drzwi”, publicado em 2016, o
professor discutiu a crise da imigração mundial e o pânico por ela causado. A
última obra de Bauman traduzida para o português foi “A riqueza de poucos
beneficia todos nós?”, lançada em 2015.
Perfil
Zygmunt Bauman nasceu em Poznan, Polônia, em 1925, em uma família judia.
Em 1939, mudou-se com a família à União Soviética fugindo dos nazistas. Mas
tarde, após alistar-se no exército polonês no front russo, retornou ao seu país
de origem, onde durante anos deu aulas de filosofia e sociologia na
Universidade de Varsóvia.
Com 19 anos, filiou-se ao Partido Comunista, do qual fez parte até 1967.
Durante três anos, serviu no chamado “exército interior”, a força encarregada
de “reprimir o terrorismo no interior do país”.
Ao longo de 15 anos, Bauman sofreu a perseguição dos serviços secretos
poloneses. Chegou a ser expulso da universidade e foi proibido de publicar
livros e artigos.
Em 1968, por causa de perseguição a judeus, tanto ele como sua esposa,
Janina, perderam seu trabalho na Polônia, e se viram obrigados a exilar-se em
Israel, onde Bauman começou a dar aulas na Universidade de Tel Aviv.
Após trabalhar como professor de sociologia nos Estados Unidos e no
Canadá, em 1971 ele finalmente se transferiu para a Inglaterra e se fixou como
professor na Universidade de Leeds.
David Rubens
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