Ernst Käsemann (1906-1998), teólogo luterano e professor
de Novo Testamento em Mainz (1946-1951), Göttingen (1951-1959) e Tübingen (1959-1971).
Käsemann obteve seu PhD em Novo Testamento na Universidade de Marburg, durante 1931, tendo escrito uma
dissertação sobre Eclesiologia Paulina, com Rudolf Bultmann como seu
orientador de doutorado. Käsemann foi um dos alunos de Bultmann mais conhecido.
Käsemann se juntou a Igreja Confessante em 1933, no
mesmo ano, foi nomeado pároco em Gelsenkirchen, em um
bairro habitado principalmente por mineiros. Durante 1939, ele completou sua habilitação, que o
qualificou para ensinar em universidades alemãs, sua tese foi sobre o Novo
Testamento Epístola aos Hebreus.
Käsemann foi posteriormente servir como soldado.
Voltou ao seu trabalho teológico, durante 1946, depois de vários anos no
exército e como prisioneiro de guerra.
Käsemann inaugurou a conhecida “New Quest para o Jesus histórico” (Nova
Busca ao Jesus Histórico), uma nova fase de interesse acadêmico em trabalhar o Jesus Histórico. Käsemann efetivamente começou
esta fase, quando ele publicou seu famoso artigo “O Problema do Jesus histórico”, durante 1954, aula inaugural como
professor em Göttingen, em 1953.
Käsemann levou a apocalíptica judaica, mais a sério
do que a maioria de seus colegas contemporâneos e pensou que fosse de
importância vital para uma leitura de Paulo. Na verdade, ele famosamente
descreveu apocalíptica como "a mãe da teologia cristã". O comentário
de Käsemann sobre a Epístola de Paulo aos Romanos, publicado pela primeira vez em 1973, tornou-se um
padrão de trabalho para essa geração.
Sua filha, Elisabeth Käsemann, foi sequestrada
pelas forças de segurança na Argentina durante a
ditadura militar e posteriormente desapareceu. Acredita-se que ela foi
assassinada em torno de 24 de março de 1977.
Ernst Käsemann recebeu o título de doutor honoris
causa das universidades de Marburg, Durham, Edimburgo, Oslo e Yale.
Perspectiva Paulinas
Ernst Käsemann foi aluno de Bultmann,
mas preferiu seguir a linha histórica a filiar-se a corrente que se deixa
influenciar pela filosofia existencialista. Tem por hábito estabelecer
firmemente os dados filológicos e históricos do texto bíblico, antes de
procurar o sentido teológico. Em decorrência de uma longa experiência (quinze
anos) pastoral entre os mineiros de Ruhr, não consegue mais tratar a teologia
separada da história, como se tratasse apenas de um exercício acadêmico de
professor. Além disso, a última guerra tornou muito aguda para ele a exigência
de pregar um cristianismo vivo e atualizado, haurido nas fontes puras dos
textos.
Perspectivas Paulinas não é um esboço
de teologia paulina, mas uma tentativa de reunir, com um método novo e sob um
ponto de vista diferente, alguns de seus aspectos mais importantes. Käsemann
sustenta que o Apóstolo expõe uma antropologia acabada, a qual, estranhamente,
foi mitigada ou mesmo abandonada já pelos seus discípulos. Este fato deve ser
explicado antes de se examinar a posição de Paulo no contexto da mensagem
bíblica. A harmonização não aproveita nem à teologia, nem à exegese, as quais,
para não caírem no óbvio ou nos preconceitos correntes, não devem perder de
vista o concreto.
A fé no Deus que justifica o ímpio,
pregada apaixonadamente por Paulo, rompe com o domínio da lei, também as
estruturas religiosas e os laços ou as limitações sociais que vigoravam até
então. Se eles são reconhecidos e mantidos, constituem apenas o âmbito dentro
do qual o cristão deve mostrar a libertação das forças que, o haviam
escravizado, e o domínio exclusivo de Jesus.
Prof. David Rubens
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