sábado, 12 de março de 2016

320 - O conceito de Deus após Auschwitz: uma voz judia. Hans Jonas


A extrema singularidade deste texto, aliás, conduziu os intérpretes a duas condutas inteiramente opostas. Ou considerá-lo como totalmente marginal em relação ao desenvolvimento próprio do pensamento do filósofo, ou vê-lo como a fonte secreta de toda a doutrina. Gostaríamos de apontar aqui que devemos resistir tanto a uma quanto à outra tendência, restituindo a essa conferência o seu verdadeiro lugar: o de um pensamento que se apoia em aprendizagens anteriores para ir além do que a probidade intelectual permite, quando se trata de, por um lado, examinar as origens de todas as coisas e o destino da humanidade e, de outro, tentar dar sentido àquilo que colocou completamente em questão o sentido mesmo do nosso devir histórico: o apocalipse moral da tragédia de Auschwitz. Esses dois aspectos estão, aliás, intimamente ligados na medida em que o catastrófico projeto de extermínio de judeus apenas levou a seu extremo a perda de confiança no ideal humanista, que deveria iluminar o nosso caminho na direção do progresso, e assim assegurar um valor à nossa presença e nosso desenvolvimento na Terra. A questão do sentido do nosso futuro emerge, então, com cada vez mais problemas à medida que a sombra espessa do niilismo se espalha sobre o todo de nossa existência. O mal provocado aos homens e mulheres de fé judaica afeta a humanidade inteira, uma vez que o mal extremo que afeta «uma particularidade» (nesse caso religiosa) é também imediatamente um atentado à universalidade (humana) sobre cujo fundo ela se destaca e que é uma maneira de encarnar. 
O conceito de Deus após Auschwitz não é, então, nem exterior ao pensamento geral de Hans Jonas nem o Shibboleth que permite extrair seu significado autêntico. Ele se apresenta, ao contrário, como um escrito que retoma os resultados anteriores do processo de pensamento do filósofo, a fim de apresentar uma tentativa de resposta a um problema moral muito específico, aquele do «sentido» do mal radical no seio de um mundo do qual ele compromete, portanto, o valor.
Apresentação. 


36. pg
13X21

Paulus

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Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.