O diretor-presidente da Editora Vozes, Antônio Moser, 75 anos, foi morto
com um tiro na manhã de hoje (9), após ser abordado por assaltantes na Rodovia
Rio-Petrópolis, altura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Antônio Moser era frei franciscano, formado em filosofia e teologia,
ex-professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e
autor de mais de 25 livros. O religioso tinha doutorado em teologia, com
especialização em moral, na Academia Alfonsianum – Roma. Era também professor
de teologia moral e bioética no Instituto Teológico Franciscano (ITF), em
Petrópolis; pároco da Igreja de Santa Clara de Petrópolis; diretor do Centro
Educacional Terra Santa, além de conferencista no Brasil e no exterior.
A Editora Vozes distribuiu o seguinte comunicado: “Comunicamos com
imenso pesar o falecimento de frei Antônio Moser. Pedimos a todos e todas união
e força neste momento inesperado e difícil e que possamos continuar unidos na
fé e esperança da ressurreição.”
O prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, declarou luto oficial de três
dias na cidade, devido à morte do religioso. As bandeiras do Palácio Sérgio
Fadel, sede da prefeitura, foram colocadas a meio mastro.
O ministro provincial, frei Fidêncio Vanboemmel, pediu orações e
lamentou a morte trágica de frei Mozer. “A dura realidade que povoa com
frequência os nossos noticiários bate à nossa porta. Com susto e tristeza
recebemos a notícia da partida repentina de um irmão, vítima da violência que
infelizmente tem se tornado cada vez mais comum".
Frei Fidêncio destacou que a vida de Antônio Moser foi marcada pelo
entusiasmo e pela determinação. "Atuou em muitas frentes simultaneamente,
desde o estudo e a pesquisa, o trabalho pastoral, as aulas, conferências, o
trabalho na comunicação, a dedicação a obras sociais. Especialmente nas décadas
de 1970 e 1980, dedicou-se de corpo e alma ao pastoreio de comunidades da
Baixada Fluminense, atuando na formação do povo e na construção de igrejas.
Hoje, infelizmente, devolvemos a Deus a vida deste irmão, vítima de assassinato
na mesma Baixada que tanto amou. Que sua partida leve toda a sociedade a buscar
caminhos alternativos, que vençam a violência e a dor”, acrescentou.
O vigário provincial, frei Evaristo Spengler, esteve ontem (8) com frei
Mozer em Petrópolis. “Eu cheguei a perguntar a ele se ficaria mais tempo em São
Paulo. Ele disse: ‘não, meu tempo é curto e tenho que voltar ainda hoje'”,
contou frei Evaristo. “Além de ser meu confrade, meu professor de teologia, ele
é primo de minha mãe. É uma perda muito grande para a província e para a
Igreja. Ele foi uma referência na teologia moral do Brasil. Prova disso foi a
sua nomeação para o Sínodo da Família”, lembrou o vigário provincial. Para frei
Evaristo, frei Moser estava no auge de sua vida religiosa e de seu trabalho de
evangelização.
No momento em que foi baleado, frei Moser estava a caminho de São Paulo,
onde gravaria o programa Pelos Caminhos da Fé, para a rádio Canção Nova.
Em outubro do ano passado, ele foi o único teólogo brasileiro nomeado para o
Sínodo da Família. Oficialmente, frei Moser completou 50 anos de vida
sacerdotal no dia 15 de dezembro.
Tive o prazer de conhecer o frei Moser, inclusive participei de algumas aulas dele sobre teologia moral, uma grande perda para a teologia no Brasil.
David Rubens
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