Este livro é um convite
para entrar no mundo dos primeiros cristãos por meio de um exercício de
estranhamento. O autor propõe que o leitor e a leitora se permitam ver como
esse grupo é diferente de qualquer forma de cristianismo que conheçam ou que
pratiquem. Instiga a surpresa e o desconforto. Também propõe que os aspectos
humanizadores e libertadores sejam esquecidos por ora, a fim de que não sejam
tomados tão rapidamente como próximos do que se pode admirar. Com essa
proposta, com esse contrato de leitura, não quer dizer que é indiferente ao
cristianismo das origens, que não os admira como movimento religioso e como
espiritualidade. Está longe de conseguir exercer qualquer distanciamento
asséptico e neutro. Apenas quer permitir exercitar uma leitura na qual emerjam
outras pautas que não as próprias. Que as esquisitices e peculiaridades de
qualquer discurso religioso – e se sabe como elas são frequentes – não sejam
varridas para debaixo do tapete do texto acadêmico. A ideia é propor uma
hipótese de leitura do cristianismo primitivo que busque o acesso nas próprias
formas de expressão. Buscará fazer valer nessa leitura que a mídia é o
conteúdo, ou seja, a própria forma de articulação cultural dos primeiros
cristãos – por mais fragmentária que seja –, o que será objeto de atenção. O
compromisso em analisar as formas de expressão do cristianismo primitivo será
concretizado no texto no fato de que não se analisarão temas, doutrinas,
práticas rituais isolados, fora de conjuntos textuais. As formas de expressão, composição,
organizadas por personagens, tempo, espaço, cenários etc., serão prioritárias.
Autor: Paulo Nogueira
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