A proposta
central de Richard Horsley é a seguinte: Jesus foi um profeta que dedicou sua vida a
pregar uma revolução social na Palestina. Na tradição de Moisés, que libertou os hebreus da
escravidão egípcia imposta pelo Faraó, e de Elias, que lutou por uma renovação da aliança com Deus na época do
opressor rei Acab e da rainha Jezabel, Jesus se dirigiu aos pobres camponeses de
seu tempo, subjugados pelo cruel domínio do Império Romano e de seus associados
locais da elite herodiana e judaica, conclamando-os para uma revolução que só
teria sucesso se partisse da conscientização da situação de opressão em que
viviam. Ou, em outras palavras: Jesus e o movimento proto-cristão - como podem
ser identificados na Q (=Quelle) e no evangelho de Marcos -, em oposição ao
Império Romano e a seus clientes do governo local, pregaram uma renovação
comunitária da família e dos povoados tradicionais nos moldes da antiga aliança
de Israel com Iahweh, como aparece na pregação profética.
“Conquanto a
história de Marcos e os discursos de Q apresentem ênfases um tanto diferentes,
suas respectivas representações de Jesus têm uma proposta notavelmente semelhante.
Marcos concentra-se mais nas curas e exorcismos como partes de um programa mais
amplo de renovação do povo de Israel vividamente reminiscente de Moisés e de
Elias, o profeta fundador e o profeta renovador de Israel, respectivamente.
Enquanto Marcos inclui uma forte afirmação de suficiência econômica,
paralelamente a uma advertência contra a exploração econômica e a dominação
política, a suficiência econômica para um povo pobre e faminto é mais
proeminente, dominante mesmo, nos discursos de Q. Por outro lado, Marcos inclui
mais condenações dos governantes de Jerusalém, dos seus representantes e dos
seus patronos romanos por sua opressão econômico-religiosa e pela repressão
político-religiosa do povo. O tema do reino de Deus apresentado no princípio da
história de Marcos parece mais integral nos discursos de Q. Com essas ênfases
um tanto diferentes, porém, o programa todo do ensinamento profético e da
prática de Jesus é claramente a renovação de Israel, tanto em Marcos como em Q”
(Jesus e o Império. O
reino de Deus e a nova desordem mundial.p. 83).
Neste contexto
se inserem os milagres de Jesus: “Os
exorcismos de Jesus, juntamente com suas curas e a distribuição de comida ao
povo, eram componentes essenciais de sua função, não como um mago comum (...),
mas, mais particularmente, como um profeta como Moisés e Elias estabelecendo a
renovação do povo de Israel”
(p. 106).
Livros de Richard Horsley
O contexto social de Jesus e dos Rabis
Bandidos, profetas e Messias
Movimentos populares no tempo de Jesus
Jesus e a espiral da violência
Resistência judaica popular na Palestina Romana
Jesus e o império
O reino de Deus e a nova desordem mundial
Paulo e o império
Religião e poder na sociedade imperial romana
A
Mensagem e o Reino
Richard
A. Horsley é professor de Línguas Clássicas e Religião na
Universidade de Massachusetts, Boston, USA. É autor e co-autor de diversos
livros, destacando-se entre eles: Jesus and Empire: The Kingdom of God and
the New World Disorder (2003), The Message and the Kingdom: How Jesus
and Paul Ignited a Revolution and Transformed the Ancient World (2002),
Hearing the Whole Story: The Politics of Plot in Mark's Gospel (2001), Whoever
Hears You Hears Me: Prophets, Performance, and Tradition in Q (1999), Paul
and Empire: Religion and Power in Roman Imperial Society (1997), Archaeology,
History, and Society in Galilee: The Social Context of Jesus and the Rabbis
(1996), Galilee: History, Politics, People (1995), Jesus and the
Spiral of Violence: Popular Jewish Resistance in Roman Palestine (1993), Sociology
and the Jesus Movement (1989), Bandits, Prophets, and Messiahs: Popular
Movements in the Time of Jesus (1985).
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