sexta-feira, 4 de julho de 2014

127 - Reza Aslan

O outro Jesus. Entrevista com Reza Aslan

Reza Aslan, 41 anos, leciona na Universidade da Califórnia. Escritor e jornalista nascido no Irã, chegou aos Estados Unidos com a família depois da revolução de Khomeini. O livro no banco dos réus foi publicado na Itália agora com o título Gesù il ribelle (Rizzoli) e nos EUA ele domina as listas dos mais vendidos há meses, começando pela do New York Times, que se levantou em defesa do autor.
A ideia é de contar a figura de Cristo, separando a verdade histórica do mito posterior. Uma operação amplamente explorada por outros no passado, mas convincente, com uma narrativa fluida, sem nunca ferir a sensibilidade do leitor, mesmo o mais religioso. Não há provocação, não há sarcasmo, mas apenas a vontade de entender.

Entrevista.
Por que, como estudioso, você optou por se ocupar de Jesus Cristo, sobre o qual já há uma vasta produção literária?
É a pessoa mais importante dos últimos 2 mil anos, está na base da civilização ocidental. Eu queria separar a sua realidade histórica do mito religioso, que é posterior. Eu queria explicar como um agricultor pobre e analfabeto conseguiu fundar um movimento revolucionário em defesa dos deserdados e dos marginalizados, chegando a desafiar de maneira direta o poder romano e das hierarquias judaicas. Interessava-me imergir Cristo na sua época, ver as suas ações relacionadas com os eventos daquele período: ações e reações. Porque, se pensarmos na sua dimensão religiosa, é óbvio que não existe o tempo, as suas palavras e as suas ações são eternas, valem sempre e para sempre. Eu queria contar o homem, não Deus.

Como você trabalhou?
Eu comecei as pesquisas há 20 anos: primeiro como estudante e depois como professor. Usei as fontes diretas da época, traduzi as versões originais do Novo Testamento: me movimentei segundo os critérios científicos que geralmente usamos na universidade para qualquer pesquisa. Depois, coloquei tudo o que eu encontrei no relato, tentando fascinar o leitor, levá-lo para dentro da fantástica vida de Jesus. Mas cada linha que eu escrevi está documentada.

Que relação você tem com a religião?
Eu a estudo desde sempre, é a minha vida. Eu acredito em Deus, o propósito das religiões é fornecer uma linguagem para ajudar as pessoas a definir a própria fé. Depois de ter sido educado no cristianismo, agora me sinto mais próximo de Islã. Eu não acho que seja mais justo ou que anuncie verdades mais fortes, simplesmente sinto os seus mitos e as suas metáforas mais em concordância com o meu mundo.

Você acompanha a ação do Papa Francisco?
Certamente, sou um entusiasta. Fui formado pelos jesuítas, e o método que eles me ensinaram me levou a me apaixonar pelo Jesus histórico, antes ainda do que o religioso. O meu livro está alinhado com a sua formação: ele relata um Cristo atento principalmente aos pobres, à sua libertação, à sua salvação. Se o papa conseguir, como está conseguindo, se manter fiel às suas origens, ele trará à Igreja uma transformação nunca antes vista. É o retorno a uma vida sob o sinal da vocação, longe da burocracia do poder: o seu exemplo será revolucionário. Eu tenho certeza disso.

Você já está trabalhando em um novo livro?
Eu gostaria de escrever sobre as origens de Deus, sobre como evoluiu a sua figura ao longo da história da humanidade, como mudou a concepção que os homens têm dele.

Você gostaria de responder a uma pergunta nunca feita?

A minha mãe é cristã, assim como minha esposa e o meu irmão. Aos 15 anos, depois de ter me deparado com Jesus ouvindo a sua história em um acampamento de férias, eu fiquei tão extasiado saí pelas ruas parando os desconhecidos, narrando-lhes a boa notícia: tipo um jovem pregador. Achavam que eu era louco. Os meus pais se preocupavam. Eu nunca poderia escrever um livro contra os meus valores, contra as pessoas que eu amo e nas quais eu acredito. Eu só queria entender. Só entender.

Fonte: ihu.unisinos


Pagina de Reza Aslan


Nenhum comentário:

Postar um comentário


Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.