Com penitência, compaixão
e esperança. E humildade, porque muitas vezes esquecemos que na vida existem “áreas
escuras”, os momentos escuros. Pensamos que eles só podem ocorrer a outras
pessoas. Em vez disso, desta vez está escuro para todos, ninguém excluído. É
marcado pela dor e pelas sombras que entraram na nossa casa. É uma situação
diferente daquelas que vivemos. Também porque ninguém se pode dar ao luxo de
estar tranquilo, todos partilham estes dias difíceis.
Não podemos fazer
distinções "entre crentes e não-crentes". Somos todos humanos e, como
homens, estamos todos no mesmo barco. E nenhuma coisa humana deve ser estranha
para um cristão. Aqui choramos porque sofremos. Todos nós. Há em comum a
humanidade e o sofrimento. Ajuda-nos a sinergia, a colaboração mútua, o senso
de responsabilidade e o espírito de sacrifício que é gerado em tantos lugares.
Não devemos fazer diferença entre crentes e não-crentes, vamos à raiz: a
humanidade. Diante de Deus somos todos filhos.
Francisco falou então da
solidão daqueles que morrem sem o conforto de seus familiares:
“Nestes dias, contaram-me
uma história que me tocou e me entristeceu, também porque representa o que está
ocorrendo nos hospitais. Uma senhora idosa compreendeu que estava morrendo e
queria despedir-se dos seus entes queridos: a enfermeira pegou o celular e fez
uma videochamada para a neta, assim a senhora idosa viu o rosto da neta e pôde
partir com este consolo. É necessidade última ter uma mão que segura a sua mão,
necessidade de um gesto final de companhia. E muitas enfermeiras e enfermeiros
acompanham este desejo extremo com os ouvidos, escutando a dor da solidão,
segurando a mão. A dor daqueles que partiram sem se despedir torna-se uma
ferida no coração daqueles que ficaram. Agradeço a todos estes enfermeiros e
enfermeiras, médicos e voluntários que, apesar do cansaço extraordinário, se
inclinam com paciência e bondade de coração, para suprir a ausência obrigada
dos familiares”.
Falando das consequências
para o nosso futuro, o Papa disse que o que está acontecendo servirá para “lembrar
aos homens de uma vez por todas que a humanidade é uma única comunidade”. E
como é importante, decisiva, a fraternidade universal. Devemos pensar que será
um pouco, um pós-guerra. Não haverá mais “o outro”, mas seremos “nós”. Porque
nós só podemos sair desta situação juntos. Devemos olhar ainda mais para as
raízes: os avós, os idosos. Construir uma verdadeira fraternidade entre nós.
Recordar esta experiência difícil que todos nós vivemos juntos. E seguir em
frente com esperança, que nunca decepciona. Estas serão as palavras-chave para
recomeçar: raízes, memória, fraternidade e esperança”.
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