Filósofo, político e economista, Karl Marx
(1818-1883) nasceu em Trier (Alemanha). Estudou nas universidades de Bonn e de
Berlim, onde foi discípulo de Hegel. Esteve toda a sua vida empenhado na luta
social e política, que exerceu através de suas obras, do jornalismo e do
contato direto com homens e líderes. Os cenários de suas atividades foram
Paris, Bruxelas e finalmente Londres, onde continuou inspirando e dirigindo o movimento
operário internacional. Morreu nesta última cidade.
Marx deixou uma volumosa produção filosófica, iniciada
em sua juventude e mantida ao longo de toda a sua vida. Assinalo as principais obras:
- Crítica da filosofia do direito de Hegel (1843);
- Economia e filosofia (1844);
- A Sagrada Família (1845);
- O manifesto comunista (1845);
- Teses sobre Feuerbach (1845);
- A miséria da filosofia (1847);
- Crítica da economia política (1859);
- O Capital (três vols., 1867; os dois
últimos póstumos, publicados por Engels em 1885 e 1895 respectivamente).
O ponto de partida de Marx é “a reivindicação do
homem, do homem existente, em todos os seus aspectos”. O que Marx quis realizar
foi uma interpretação do homem e de seu mundo, que ao mesmo tempo fosse empenho
de transformação e, neste sentido, atividade revolucionária. Porém, tal
interpretação do homem somente é possível se o analisarmos em suas relações
externas com os demais homens e com a natureza que lhe proporciona os meios de
subsistência. Nada de essência em abstrato. A personalidade real e ativa do
homem concretiza-se nas relações de trabalho em que se encontra. O homem
cria-se a si próprio mediante o trabalho. E é o criador não apenas de sua
existência material, mas de seu modo de ser ou de sua existência específica. Em
consequência, o trabalho é para Marx a única manifestação da liberdade.
Tudo o que impede a realização do homem no trabalho
é considerado por Marx como alienação. Alienação que nada mais é do que
a condição histórica na qual o homem vem a encontrar-se diante dos meios de
produção. De fato, a propriedade privada e a sociedade capitalista transformam os
meios de produção de simples instrumentos e materiais da atividade produtiva humana,
em fins aos quais o mesmo homem se submete.
A essa consequência da alienação, Marx, algumas vezes,
chama de “alienação religiosa”. Neste sentido, considera a religião como “a
imagem de um mundo transtornado”, isto é, um mundo no qual, no lugar do homem
real, colocou-se a essência abstrata do homem. “A religião – diz Marx – é a
teoria geral deste mundo transtornado, seu compêndio enciclopédico, sua lógica
em forma popular, seu point-d’honneur espiritualista, seu entusiasmo,
sua sanção moral, seu complemento solene, o fundamento universal da consolação e
da justificação do mesmo” (Crítica da filosofia do direito de Hegel). Neste
último aspecto, “a religião é o ópio do povo”, “a felicidade ilusória do povo”.
No pensamento de Marx: a) A religião – assim como as ideologias, a filosofia, o Estado, o capital
– são fonte de alienação, porque subtraem o homem da vida real, inchando-o com
uma vida irreal, inexistente. b) A
religião é uma das formas históricas de alienação, porque, além de afastá-lo da
realidade e de sua própria identidade, promete ao homem uma felicidade enganosa
fora deste mundo e perpetua desta maneira o estado de injustiça e de opressão,
já que sanciona a exploração do homem pelo homem.
Na filosofia de Marx, a religião é um superfenômeno,
uma super-estrutura humana, nascida do
desconhecimento da realidade do mundo e do homem. O universo religioso – Deus-espírito-eternidade
– é um falso desdobramento do homem, fruto da alienação, tal como já o formulou
Feuerbach. O universo real é a matéria; tudo o que existe explica-se por ela
mesma e a partir dela mesma, num duplo processo dialético conhecido como
materialismo dialético e materialismo histórico.
O marxismo histórico seguiu a linha imposta pelo
mestre. As conversações entre teólogos cristãos e marxistas manifestaram essa
verdade. A concepção que o faz marxismo do mundo e do homem é plana e
horizontal, não transcendente.
Marx também não se
ocupou expressamente da ética. De sua filosofia, deduzimos a negação radical que
faz da moral platônica e cristã e seu repúdio ao jusnaturalismo, como abstratos
e alienantes. Cabe sim falar de uma ética marxista no sentido de que, dada a
concepção do homem social, a procura da libertação efetiva do homem não pode
coincidir menos com a procura da libertação de todos os homens: a libertação
dos demais é inseparável da minha.
Estilo
de Normalizar Citação De Acordo com as Normas da ABNT para Trabalhos Acadêmicos.
RUBENS, David. Karl Marx: Alienação religiosa. http://biblicoteologico.blogspot.com.br/2014/09/karl-marx-alienacao-religiosa.html:
Acesso em: _____________.
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