Introdução
A teologia do século IX
concluiu que é em Marcos que devemos procurar a forma mais original da tradição
de Jesus. Mas esta confiança foi abalada quando W. Wrede (1901) demonstrou que
Marcos fora modelado pela teoria dogmática do Segredo Messiânico, e por fim quando K. L. Shimidt (1919) provou
que a estrutura da historia de Jesus em Marcos constitui os elos de ligação das
unidades dispersas da tradição, e que estes elos de ligação tinham sido criados
livremente pelo evangelista, aquela conclusão da Teologia Liberal tornou-se insustentável.[1]
1. Estrutura do Livro
Por detrás de Marcos só
são reconhecíveis unidades de tradição transmitidas isoladamente em pequenos
grupos de unidades da tradição oral outrora juntas.
Exemplo:
Ø Discurso polêmico 2.1; 3.35
Ø Parábolas 4.1-32
Ø Milagres beira do lago 4.35; 5.43
Ø Narração da paixão 14.1-66
Este ponto de vista ficou
bem conhecido graças ao trabalho da pesquisa crítico-formal.
2. Sobre as Fontes de Marcos
Das formas mais variadas,
estudiosos determinaram as fontes de Marcos:
Ø R. Thiel conseguiu extrair de Marcos
três evangelhos completos.
Ø E. Hirsch pensa num evangelho petrino
que se teria difundido a partir de uma fonte, graças ao trabalho dos Doze.
Ø D. F. Robinson postula um Marcos
resumido composto a partir de duas fontes, mas três fontes adicionais, além dos
acréscimos do próprio redator.
Ø W. Knox admite como fontes pelo menos
nove fragmentos.
Ø P. Parker diz que havia um evangelho
judeu-cristão escrito em aramaico, reelaborado por Marcos de um ponto de vista
gentio-cristão.
Ø M. Karnetzki, um redator teria
ampliado uma fonte histórica que teria sido usada também por Mateus e Lucas, e
um segundo redator teria produzido o Marcos, que conhecemos, utilizando
tradições orais.
Ø H. A. Guy vê em Marcos uma compilação
de páginas dispersas de papiros, a partir dos quais um redator teria feito um
livro coerente.
Ø H. Köster sustenta que Marcos teria
utilizado uma “fonte de Milagres”.[2]
Nenhuma dessas hipóteses
é convincente. Assim para sermos mais precisos, diríamos que o evangelista teria
combinado entre si pequenas coleções de diversas tradições e unidades dispersas
da tradição, resultando disso tudo uma apresentação mais ou menos coerente.
Não havia na intenção de
Marcos nenhuma preocupação de índole biográfica-cronológica.
C. H. Dodd, pretendeu
mostrar que o arranjo da narração em Marcos, está essencialmente baseado na
seqüência da história de Jesus transmitida pela tradição, tradição esta
reconhecível em Atos 10.37,41.
Marcos escreve com a
finalidade de proclamar a “boa-nova de Jesus Cristo, Filho de Deus”. Marcos
apresenta a história de Jesus como uma seqüência cronológica tem seu ponto de
partida na entrada em cena de João Batista e o ponto final da crucificação de
Jesus sob Pilatos (1.9; 15.1).
Marcos evidencia, em seu
Evangelho, como história, a relevância do Jesus terreno para o kerygma e
justamente por isso é o criador do gênero literário “Evangelho”.
Bibliografia
BORNKAMM, Günther. Bíblia Novo Testamento. São Paulo:
Teológica, 2003.
BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento,
trad. Ilson Kayser. São Paulo: Teológica, 2004.
KÜMMEL, Werner Georg. Introdução ao Novo Testamento.
17 ed. São Paulo: Paulus, 2004.
David Rubens
Pindamonhangaba-SP
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