Os anos da década de
1950 testemunharam um interesse renovado pelo Jesus histórico, até mesmo entre
os alunos de Bultmann, notavelmente E. Fuchs, G. Bornkamm e E. Käsemann. Embora
tenha permanecido fiel ao princípio querigmático de que o evangelho jamais
poderá depender dos resultados incertos da pesquisa histórica, Käsemann fez uma
incisiva defesa exegética e teológica do que veio a ser conhecido como a nova busca
do Jesus histórico. Ele advertiu contra os perigos do “docetísmo”, caso o
Cristo pregado nos Evangelhos não esteja firmemente ligado ao Jesus histórico,
e alegou que a redução que Bultmann fez dessa ligação à mera existência
histórica de Jesus era demasiadamente insatisfatória. Se os estudiosos cristãos
não investigassem o caráter do ministério de Jesus, outros sem dúvida o fariam.
Mais importante ainda, os Evangelhos Sinóticos mostram que uma importante
corrente do cristianismo primitivo tentou vincular, sim, a pregação do
evangelho a uma história da vida de Jesus, e o querigma de Paulo, embora
demonstre muito menos interesse em tais coisas, concentrase no Jesus terreno
quando enfatiza sua crucificação. Só dessa maneira Paulo pôde combater a
fascinação que seus convertidos tinham pelo Espírito, pois em Corinto ele logo
descobriu que apelar exclusivamente ao Espírito os deixava vulneráveis a todo
tipo de interpretação equivocada.
Assim, a pesquisa do
Jesus histórico, embora nâo forneça uma base histórica para a fé, é importante
como critério para estabelecer a distinção entre o evangelho verdadeiro e suas
falsificações. A interpretação de Käsemann, segundo a qual o Jesus histórico rompeu
decisivamente com a Lei e removeu a distinção entre as esferas sagrada e
secular, deu apoio à sua ênfase no significado radical, tanto político quanto
social, do evangelho.
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