Bultmann fez uma distinção importantíssima
entre dois aspectos do debate sobre Jesus e Paulo. Uma questão é indagar que
correspondência poderia existir entre a proclamação de Jesus e a pregação de
Paulo; outra bem diferente é tentar descobrir se Paulo foi, direta ou
indiretamente, influenciado pelo ensino de Jesus. No que diz respeito à última questão,
Bultmann praticamente não via ligação histórica entre Jesus e Paulo. Ele
enfatizou o fato de Paulo quase não citar as palavras de Jesus e que, mesmo
levando em conta todas as possíveis alusões, elas afetam apenas a ética de
Paulo. “É mais que óbvio que ele não recorre às palavras do Senhor em busca de
apoio para suas idéias estritamente teológicas, antropológicas e soteriológicas
em que estão contidos os conceitos essencialmente paulinos” (Bultmann, 1929, p.
223).
Nesses aspectos, Paulo
não depende de Jesus, e “o ensino de Jesus é – pelo menos nos aspectos
essenciais – irrelevante para Paulo”. Desse modo, enquanto vislumbrava alguns
elementos importantes de congruência teológica entre a proclamação de Jesus e o
querigma de Paulo, Bultmann não encontrou quase nada de continuidade histórica
entre ambos.
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