O ano de 1919 assistiu à publicação da obra A Formação dos Evangelhos, de Dibelius. O ponto
de partida de Dibelius foi que a atividade missionária e as necessidades da
igreja primitiva ajudaram a moldar as tradições primitivas. Em sua exposição da
tradição, ele propôs dois princípios que foram aceitos como axiomáticos pela
crítica das formas posterior:
1) que os evangelhos
sinóticos não eram obras literárias no sentido estrito da palavra, mas
literatura menor, literatura destinada ao consumo popular;
2) que os evangelistas
sinóticos não eram verdadeiros autores, mas compiladores de material
preexistente. (O primeiro princípio foi matizado pela crítica literária mais
sutil; o segundo foi contestado pela crítica da redação).
O último personagem no
grande triunvirato da crítica das formas inicial foi Rudolf Bultmann. Os críticos da forma postulam um período de transmissão oral antes
dos evangelhos escritos, durante o qual as histórias e ditos da tradição
circularam como unidade separadas. Estas unidades separadas podem ser
descobertas nos evangelhos e podem ser classificadas segundo sua forma
literária. O fator determinante em sua preservação se encontra nas necessidades
e interesses da comunidade cristã. Estas tradições têm pouco valor histórico.
Os críticos da forma pressupunham, além disso, que os protocristãos não estavam
interessados na história. Assim, os evangelhos não são biografias, que nos
dessem um retrato histórico consistente da vida de Jesus, mas reflexos da fé e
da vida da protoigreja. De fato, a comunidade cristã tinha tão pouco interesse
na história que não fazia grande distinção entre a história do Jesus terreno e
sua história pós-ressurreição e presença com a igreja, a quem ele ainda falava
por seu Espírito. Sem as restrições da história e com sua segurança da presença
de Jesus, a protoigreja podia adaptar livremente a tradição e até mesmo fazer
acréscimos criativos a ela, se as necessidades eclesiais de pregação,
apologética e culto, etc., assim o exigissem.
Acompanhe a continuação do estudo na próxima postagem...
David Rubens
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