Uma medida da
influência de Bultmann sobre o estudo do NT é a extensão das reações - tanto
favoráveis quanto hostis - causadas por sua obra. Estas reações cobrem todo o
espectro do pensamento cristão, desde um conservadorismo fundamentalista que
rejeita totalmente sua obra até o liberalismo que acusou Bultmann de não ir suficientemente
longe na demitologização porque reteve a realidade do ato de Deus em Cristo. Na
Europa, católicos vários teólogos católicos tornaram-se autoridades importantes
na teologia de Bultmann.
A escola escandinava da
história das tradições, em particular, forneceu corretivos importantes ao
negativismo da crítica das formas de Bultmann. Birger
Gerhardsson (1926-2013) sustentou que as narrativas dos evangelhos são o
resultado não de um processo criador, mas preservador, através de uma
instituição na protoigreja destinada à transmissão da tradição dos evangelhos,
semelhante a uma instituição rabínica contemporânea destinada à transmissão
controlada da Torá escrita e oral. A obra de Gerhardsson foi uma alternativa
bem-vinda ao juízo negativo sobre a historicidade característico de grande
parte do estudo da crítica das formas.
De interesse mais
amplo, contudo, foram as alternativas ao radicalismo de Bultmann propostas por
teólogos alemães e britânicos mais conservadores, bem como os debates travados
na Alemanha pelos ex-alunos de Bultmann.
Reação
da pesquisa alemã conservadora
A teologia de Bultmann
não ficou sem oponentes na Alemanha, os quais fizeram objeções a seu ceticismo
excessivo e encontraram a chave hermenêutica para o NT não no existencialismo
heideggeriano, mas na própria Bíblia.
Karl Barth (1886-1968),
Lecionou teologia nas universidades alemãs de Göttingen,
de Munique e de Bonn. Mais teólogo sistemático do que
pesquisador do NT, Barth foi inicialmente aliado de Bultmann. Mas Guerra
Mundial o fez perceber o caráter inadequado da teologia liberal, e ele
expressou seu desencanto em seu memorável e vigoroso comentário sobre a
Epístola aos Romanos, que se concentrou na importância teológica de Romanos,
enfatizando a Bíblia como a palavra de Deus. Um estudo histórico-crítico
científico era, na melhor das hipóteses, apenas uma preliminar à verdadeira
tarefa da exegese teológica, “pneumática”. Enquanto os estudos de Bultmann
diziam respeito ao lado humano do relacionamento entre Deus e a humanidade (como
podemos receber a revelação), Barth enfatizava o lado divino (Deus como a fonte
de revelação). Bultmann foi inicialmente um defensor de Barth, com quem ele
concordava quanto ao princípio, mesmo que não quanto à metodologia. Contudo, a
hermenêutica demitologizadora e existencial de Bultmann não se deparou com a
concordância de Barth.
Acompanhe a continuação do estudo na próxima postagem...
David Rubens
Nenhum comentário:
Postar um comentário