quarta-feira, 19 de agosto de 2015

241 - Crítica das Formas: Reações a Bultmann


Uma medida da influência de Bultmann sobre o estudo do NT é a extensão das reações - tanto favoráveis quanto hostis - causadas por sua obra. Estas reações cobrem todo o espectro do pensamento cristão, desde um conservadorismo fundamentalista que rejeita totalmente sua obra até o liberalismo que acusou Bultmann de não ir suficientemente longe na demitologização porque reteve a realidade do ato de Deus em Cristo. Na Europa, católicos vários teólogos católicos tornaram-se autoridades importantes na teologia de Bultmann.
A escola escandinava da história das tradições, em particular, forneceu corretivos importantes ao negativismo da crítica das formas de Bultmann. Birger Gerhardsson (1926-2013) sustentou que as narrativas dos evangelhos são o resultado não de um processo criador, mas preservador, através de uma instituição na protoigreja destinada à transmissão da tradição dos evangelhos, semelhante a uma instituição rabínica contemporânea destinada à transmissão controlada da Torá escrita e oral. A obra de Gerhardsson foi uma alternativa bem-vinda ao juízo negativo sobre a historicidade característico de grande parte do estudo da crítica das formas.
De interesse mais amplo, contudo, foram as alternativas ao radicalismo de Bultmann propostas por teólogos alemães e britânicos mais conservadores, bem como os debates travados na Alemanha pelos ex-alunos de Bultmann.

Reação da pesquisa alemã conservadora
A teologia de Bultmann não ficou sem oponentes na Alemanha, os quais fizeram objeções a seu ceticismo excessivo e encontraram a chave hermenêutica para o NT não no existencialismo heideggeriano, mas na própria Bíblia.

Karl Barth (1886-1968), Lecionou teologia nas universidades alemãs de Göttingen, de Munique e de Bonn. Mais teólogo sistemático do que pesquisador do NT, Barth foi inicialmente aliado de Bultmann. Mas Guerra Mundial o fez perceber o caráter inadequado da teologia liberal, e ele expressou seu desencanto em seu memorável e vigoroso comentário sobre a Epístola aos Romanos, que se concentrou na importância teológica de Romanos, enfatizando a Bíblia como a palavra de Deus. Um estudo histórico-crítico científico era, na melhor das hipóteses, apenas uma preliminar à verdadeira tarefa da exegese teológica, “pneumática”. Enquanto os estudos de Bultmann diziam respeito ao lado humano do relacionamento entre Deus e a humanidade (como podemos receber a revelação), Barth enfatizava o lado divino (Deus como a fonte de revelação). Bultmann foi inicialmente um defensor de Barth, com quem ele concordava quanto ao princípio, mesmo que não quanto à metodologia. Contudo, a hermenêutica demitologizadora e existencial de Bultmann não se deparou com a concordância de Barth. 


Acompanhe a continuação do estudo na próxima postagem...

David Rubens

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.