Em 1959, Conzelmann
ofereceu um outro estudo pós-bultmanniano sobre Jesus. Ele também foi uma
síntese muito positiva do que pode ser conhecido sobre o Jesus histórico. Para
Conzelmann, Jesus é a confrontação da humanidade com Deus; a proclamação de
Jesus, em seu ministério, da vinda do reino de Deus já nos envolve. Sua palavra
é a palavra definitiva de Deus; seus atos tornam o reino de Deus presente. A
obra Teologia de São Lucas, de Conzelmann (em alemão: 1954) dá uma percepção da
história da redação praticada pelos pós-bultmannianos. Conzelmann sustentou que
Lucas tinha um ponto de vista teológico definido, à luz do qual reescreveu a
história de Jesus e acrescentou um volume complementar que lida com a história
da protoigreja. Segundo Conzelmann, os protocristãos pensavam que a vinda de
Jesus significava absolutamente o fim da história e que, portanto, o período
entre a ressurreição-ascensão e a parúsia seria muito curto. Com o atrazo da
parúsia, a protoigreja teve de repensar toda a sua teologia. Nesta tarefa de
repensar, sustenta Conzelmann, Lucas modificou deliberada e radicalmente a
perspectiva escatológica de Jesus e das fontes mais primitivas (por exemplo, de
Marcos) ao introduzir a perspectiva da história da salvação na teologia protocristã,
com o ministério público de Cristo como período intermediário entre o de Israel
e o da igreja. Conzelmann, e os pós-bultmannianos em geral, vêem a concepção de
Lucas como secundária e errônea, na verdade como uma falsificação e distorção
do evangelho original. (É aqui que Cullmann discorda dos pós-bultmannianos, ao sustentar
que a concepção lucana da história é primária e está enraizado no ensinamento
de Jesus, cuja perspectiva escatológica foi seriamente superenfatizada por
Conzelmann.).
David Rubens
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