quinta-feira, 20 de agosto de 2015

242 - História da Salvação: Oscar Cullmann (1902-1992), professor na Universidade de Basileia


Cullmann se tornou o principal proponente da história da salvação como a chave para a compreensão do NT. Ele propôs esta alternativa à escola de Bultmann em dois livros importantes. Cristo e o tempo, Salvação e história (alemão 1965). A abordagem histórico-salvífica concebe a história como uma série de épocas redentivas, sendo o evento Cristo o ponto central de uma linha do tempo que inclui um período anterior de preparação, o estágio presente da igreja e o futuro escatológico. Toda a história bíblica está marcada pela tensão permanente entre promessa e cumprimento, o “já” e o “ainda não”. Contrariamente ao pensamento de Bultmann, Cullmann sustentou que a história da salvação não é uma distorção lucana, mas está enraizada no ensino de Jesus. A história da salvação é, assim, uma característica de todo o NT, do próprio Jesus até João. Cullmann defendeu o caráter apropriado da história da salvação como ferramenta exegética para se chegar ao significado original do NT destacando que Jesus e a protoigreja se basearam no AT e seu conceito de história.
Também se deveria mencionar a importante contribuição de Cullmann para a teologia bíblica, o livro A cristologia do Novo Testamento (alemão: 1957). Nesta obra Cullmann tentou definir a cristologia da protoigreja expressa no NT, sem as interpretações mais desenvolvidas da teologia subsequente. Ele examinou dez títulos aplicados a Jesus no NT, que se referem à obra terrena de Jesus, sua obra escatológica futura, sua obra contemporânea na igreja e sua preexistência. Cullmann enfatizou exclusivamente o aspecto funcional da cristologia e evitou as categorias estáticas da teologia greco-romana, com suas noções mais desenvolvidas de pessoa e natureza, como além dos limites da exegese.
Para dar uma ilustração de seu método, podemos examinar o título Senhor (Kyrios), que Cullmann expõe no tópico da obra contemporânea de Cristo na igreja. Ele concorda com Wilhelm Bousset (1865-1920) que a experiência da igreja no culto da presença de Jesus o Senhor deu proeminência a este título, mas, contra Bousset, Cullmann mostra que este título cristológico mais desenvolvido tem suas raízes no cristianismo palestinen- se e não é o resultado do encontro da igreja com os cultos de mistérios helenísticos.


Prof. David Rubens

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Tradução: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. parte do artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.