A Nova Busca ao Jesus
Histórico foi formalmente lançada em 1953 por Käsemann num artigo intitulado O
problema do Jesus histórico. Käsemann salientou três aspectos importantes neste
artigo:
- Se não há conexão
entre o Senhor glorificado da fé cristã e o Jesus terreno, histórico, então o
cristianismo se torna um mito não histórico. Käsemann atinge aqui o perigo
inerente à demitologização bultmanniana do querigma - o perigo de um querigma
docético, não histórico.
- Se a protoigreja
estava tão desinteressada na história de Jesus, por que os quatro evangelhos
foram escritos, afinal? Os evangelistas certamente criam que o Cristo que eles
pregavam não outro senão o Jesus terreno, histórico.
- Embora os evangelhos
sejam produto da fé pascal e seja, portanto, difícil chegar até o Jesus
histórico, a fé cristã exige a confiança na identidade do Jesus terreno e do
Senhor exaltado do querigma.
Além desta defesa
teórica da necessidade da nova busca, Käsemann indicou princípios metodológicos
pelos quais a nova busca poderá ser realizada:
- Para estabelecer
qualquer dito ou ato de Jesus como autêntico, precisamos eliminar todo material
dos evangelhos que possua um tom querigmático. Tais ditos não são
necessariamente inautênticos, mas visto que se assemelham à proclamação da
igreja, eles não podem ser provados como ditos autênticos de Jesus. Sua
situação na vida poderia ser uma situação ou fé pós-pascal.
- Deve-se excluir
qualquer coisa que tenha paralelo no judaísmo contemporâneo, por exemplo, na
tradição rabínica ou na apocalíptica judaica contemporânea, por não ser
demonstravelmente autêntica.
- Um dito autêntico de
Jesus deveria refletir traços aramaicos. Käsemann modificou um pouco sua
posição mais tarde, substituindo o gnosticismo de Bultmann pela apocalíptica judaica
como pano de fundo da teologia cristã primitiva. Após a aplicação rigorosa
destes critérios, Käsemann encontrou no ensinamento de Jesus elementos que
provêm inquestionavelmente do próprio Jesus.
Prof. David Rubens
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